Pedro Fernandes, secretário de educação do Rio
Lucas Moritz / Alerj
Pedro Fernandes, secretário de educação do Rio

Com a operação desta sexta-feira,  Pedro Fernandes se tornará o terceiro secretário do governo Wilson Witzel a ser preso. O atual titular da Educação — que deverá ter sua demissão oficializada nesta tarde — ainda não foi conduzido ao presídio por estar com Covid-19, mas seu destino será o mesmo sofrido por Edmar Santos e Lucas Tristão, ex secretários da Saúde e Desenvolvimento Econômico, respectivamente.

Enquanto Edmar foi solto após colaborar com delação premiada, Tristão permanece encarcerado. Ademais, o próprio Witzel é réu nas investigações que apuram desvios na Secretaria de Saúde.

Apesar de, diferentemente das outras prisões de aliados, Fernandes ser alvo de investigações sobre ações antes de 2018, Witzel vê crescer o desgaste frente ao seu discurso eleitoral de que moralizaria a política e teria tolerância zero com corruptos no seu governo.

secretário de Educação foi denunciado pelo Ministério Público do Rio por supostamente chefiar um esquema criminoso que fraudava licitações envolvendo a Fundação Leão XIII, com pagamento de propinas de 5% a 25% dos valores dos contratos. Fernandes era titular da Secretaria de Tecnologia e Desenvolvimento Social nas gestões Cabral e Pezão.

Edmar e Tristão envolvidos nos desvios da saúde

O primeiro aliado de primeiro escalão de Witzel a ser preso foi Edmar Santos no último dia 10 de julho, como desdobramento da operação Mercadores do Caos, do Ministério Público do Rio. Integrante do governo desde o período de transição, no final de 2018, o oficial da PM e médico foi denunciado nas investigações que apuram fraudes em compras de respiradores e contratações emergenciais da Secretaria de Saúde durante a pandemia.

Ele já havia sido exonerado do posto no dia 17 de maio, em meio às suspeitas de desvios.

Segundo o MPRJ, o ex-secretário atuaria em conjunto com o ex-subsecretário Gabriell Neves, que foi preso em maio. Junto com a operação que prendeu Edmar, foram apreendidos R$8,5 milhões, que pertenceriam ao médico.

A justiça também determinou o arresto de R$36 milhões das contas de Edmar, valor equivalente ao preço pago pelo estado na compra de mil respiradores a três empresas. Desse montante, apenas 52 aparelhos haviam sido entregues na época da prisão.

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Mas, no dia 6 de agosto, Edmar deixou a prisão, por decisão do Superior Tribunal de Justiça. A decisão ocorreu após a delação premiada, homologada junto à Procuradoria Geral da República, que acabou por corroborar as denúncias que culminaram na prisão de Lucas Tristão e no afastamento do governador Wilson Witzel, no dia 28 de agosto, na operação Tris in Idem.

Amigo pessoal de Witzel, o advogado capixaba Tristão assumiu no governo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais. Pelo prestígio que possuía junto ao governador, chegou a ter carta branca para realizar a articulação com os deputados da Alerj, mas foi exonerado após desgaste com parlamentares.

No início do ano, foi acusado de realizar arapongagem em gabinetes de deputados e, deixou a pasta no dia 3 de junho, como tentativa de barrar o processo de impeachment.

Tristão foi denunciado como integrante do grupo do empresário Mario Peixoto e, segundo delação de Edmar Santos, possuía envolvimento direto no esquema fraudulento dos restos a pagar, em que propinas eram cobradas para que uma empresa tivesse prioridade nos pagamentos. Os investigadores também encontraram transferências de R$225 mil de empresas de Mario Peixoto a seu escritório.

Número de prisões pode crescer

Além das prisões efetuadas, há pelo menos outros três secretários que foram delatadas por Edmar Santos. São eles Leonardo Rodrigues, da Ciência e Tecnologia, André Moura, da Casa Civil, e Juarez Fialho, de Cidades, que fariam parte do grupo de Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, que foi preso.

O ex-secretário de Estado e ex-chefe de gabinete de Witzel, Cleiton Rodrigues, também foi citado na delação como pessoa que fazia indicações políticas a cargos do governo. Por fim, o governador interino Claudio Castro é investigado na mesma ação do Ministério Público Federal.

Sobre a operação desta sexta, o secretário Pedro Fernandes informou, em nota, que "ficou indignado com a ordem de prisão. O advogado dele vinha pedindo acesso ao processo desde o final de julho, mas não conseguiu. A defesa colocou Pedro à disposição das autoridades para esclarecimentos na oportunidade.

No entanto, Pedro nunca foi ouvido e só soube pela imprensa de que estava sendo investigado por algo que ainda não tem certeza do que é. Pedro confia que tudo será esclarecido o mais rápido possível e a inocência dele provada".

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