Ex-governador de São Paulo, Márcio França
Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Ex-governador de São Paulo, Márcio França

A ida de  Márcio França a São Vicente, litoral paulista, para acompanhar o presidente Jair Bolsonaro a uma obra, na última sexta-feira, causou embaraço ao ex-governador e candidato do PSB à Prefeitura de São Paulo. Uma foto mostrando os dois juntos circulou em grupos de WhatsApp do partido, opositor ferrenho ao governo federal, irritando a militância.

A ida de França à Baixada Santista, sua terra natal, foi intermediada por Paulo Skaf, presidente da Fiesp . O empresário o incentivou a se encontrar com Bolsonaro para pedir ajuda federal no envio de mantimentos a Beirute, gravemente atingida por uma explosão da semana passada.

O Líbano é o país de origem da família de Lúcia , esposa de Márcio . A boa relação entre Skaf e o casal França vem principalmente de seu convívio na comunidade libanesa de São Paulo.

A viagem do ex-governador foi criticada por pré-candidatos de esquerda como Guilherme Boulos (PSOL) e Orlando Silva (PCdoB). No PSB e no PDT, que vai compor a chapa de Márcio França na eleição, a reprovação se limitou ao ambiente interno das legendas.

O presidente municipal do PDT em São Paulo, Antonio Neto, foi questionado por pré-candidatos a vereador sobre o episódio. Alguns pré-candidatos, internamente, chegaram a acenar que tirariam o nome de Márcio França de seu material de campanha se o candidato fizesse novo aceno a Bolsonaro.

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"Se ele ( França ) não quiser atacar o presidente, tudo bem. Mas não precisa ficar alisando o Bolsonaro. Não adianta nada a gente se opor ao Bolsonaro e aí vai o Mário França e faz isso", disse um pré-candidato.

Outro integrante do PDT afirmou que se o gesto do pessebista se repetir, vai defender que seu partido apoie a candidatura de Orlando Silva (PCdoB). "Somos uma chapa de esquerda, então não dá para a gente conviver minimamente com o bolsonarismo. Se isso virar uma sinalização maior ao presidente, a gente vai reavaliar (a chapa com o PSB)", declarou um dirigente sob anonimato.

No PSB, o assunto é tratado com mais delicadeza. Um membro da cúpula nacional afirmou que seria uma "ingenuidade" de Márcio França tentar acenar ao eleitorado bolsonarista. Em julho, o candidato afirmou ao GLOBO que "não tem dúvidas" de que pode angariar os votos de eleitores de Jair Bolsonaro na capital. França aposta na rejeição de conservadores ao PSDB de João Doria e Bruno Covas, com quem tenta antagonizar na disputa municipal.

Um dirigente do partido lembrou que a última convenção nacional, realizada em 2018, vetou qualquer apoio a Jair Bolsonaro . O PSB chegou a expulsar o prefeito de Chapecó por descumprir a imposição. "O Márcio não é bobo. O partido tem uma posição que ele conhece e dificilmente iria contra", disse.

O encontro teve também um contexto político. A obra visitada por Bolsonaro , a Ponte dos Barreiros, levou a um embate público entre o governador João Doria (PSDB) e Pedro Gouvêa (MDB), prefeito de São Vicente, que criticava o governo estadual pelo que considerava falta de apoio financeiro para a restauração da estrutura. Em meio ao imbróglio, Bolsonaro anunciou verbas federais para a restauração da ponte.

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