Em meio à tentativa da Polícia Federal de cumprir mandados de busca e apreensão no gabinete do senador José Serra (PSDB-SP), na manhã desta terça-feira (21), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), intercedeu pessoalmente para debelar a ação.
Alcolumbre conversou por telefone com o delegado que comandava a operação no gabinete de Serra para impedir o avanço dos agentes, que já estavam no corredor da Casa.
Em viva-voz, a ligação foi feita do celular do advogado-geral do Senado, Fernando Cunha, que alegou haver abuso de autoridade na ação da PF . Segundo Cunha, era necessária uma autorização judicial do Supremo Tribunal Federal (STF) para que ação mirando Serra, que tem foro privilegiado, fosse adiante.
A conversa telefônica, articulada no corredor do Senado, foi presenciada pelos policiais federais que tentavam cumprir os mandados e pela Polícia Legislativa da Casa, que seguia as ordens de Alcolumbre .
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O grupo ficou na porta do gabinete de Serra até a divulgação da liminar do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, que suspendeu a busca e apreensão a pedido do Senado. A Polícia Federal, então, deixou o Parlamento.
O ministro argumentou que, no material apreendido, poderia haver documentos referentes à atividade parlamentar de Serra, sem relação à investigação que apura recebimento de caixa dois, o que ensejaria a competência do Supremo no sentido de resguardar os direitos do membro do Congresso Nacional.
O mandado de busca e apreensão havia sido expedido pelo juiz Marcelo Antônio Martins Vargas, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo. Serra é suspeito de receber R$ 5 milhões durante a campanha ao Senado em 2014 por meio de caixa 2. A operação deflagrada hoje é a terceira fase da Lava-Jato na Justiça Eleitoral de São Paulo.
Em delação premiada, o ex-diretor-presidente de um dos braços da empresa Qualicorp no setor de planos de saúde, Elon Gomes de Almeida, admitiu o pagamento para a campanha de Serra . É a primeira delação premiada que envolve o setor de planos de saúde.