PF investiga caixa dois para José Serra nas eleições de 2014.
Roque de Sá/Agência Senado
PF investiga caixa dois para José Serra nas eleições de 2014.

O ex-diretor-presidente de um dos braços da Qualicorp no setor de planos de saúde, Elon Gomes de Almeida, fechou um acordo de delação premiada com a Justiça Eleitoral de São Paulo e admitiu o pagamento de aproximadamente R$ 5 milhões em caixa dois para a campanha do tucano José Serra ao Senado em 2014. É a primeira delação premiada que envolve o setor de planos de saúde.

A delação de Elon foi a base para a operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira que, com autorização da Justiça Eleitoral, realiza busca e apreensão em endereços ligados a Serra e prendeu o ex-presidente do grupo Qualicorp, José Seripieri Filho.

Fundador da empresa Aliança, controlada pela Qualicorp, Elon era pessoa de extrema confiança de Seripieri Filho e responsável por operacionalizar os repasses a políticos.

Elon afirmou em sua delação premiada que o repasse de caixa dois para Serra foi acertado por Seripieri, responsável no grupo Qualicorp por manter relações com políticos. O ex-diretor disse que, após o acerto feito por Seripieri, coube a ele realizar o repasse, por meio de contratos fictícios com empresas que posteriormente abasteceriam a campanha de Serra.

Em seu depoimento, Elon disse que não houve acerto de contrapartida a ser dada por Serra ao grupo empresarial. Segundo Elon, o caso seria estritamente de caixa dois, sem nenhum benefício prometido pelo tucano durante seu mandato.

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De acordo com investigadores, o conjunto de provas entregue por Elon incluiu os comprovantes das transferências de recursos e contratos fictícios, sem prestação de serviços.

Seripieri sempre teve relações próximas com políticos. Em 2014, recebeu em seu casamento, em Bragança Paulista (SP) recebeu nomes como o então governador Geraldo Alckmin, José Serra e Gilberto Kassab, além da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Elon Gomes de Almeida havia sido alvo da Operação Acrônimo, deflagrada em dezembro de 2015 e que investigou o governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT). No curso das investigações, ele cenfessou ter pago caixa dois a uma das campanhas eleitorais de Pimentel. Com isso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu o reconhecimento de sua confissão e a redução de sua pena.

Depois disso, o empresário procurou a Justiça Eleitoral de São Paulo e fechou um acordo envolvendo o caixa dois para José Serra.

Elon fundou a empresa Aliança Administradora de Benefícios de Saúde, que era controlada pela Qualicorp. Em 2017, a Qualicorp comprou o restante da participação societária na Aliança e passou a deter 100% da companhia. Na ocasião, Elon deixou o cargo de diretor-presidente da Aliança.

A Qualicorp também havia sido citado na delação premiada do ex-ministro petista Antonio Palocci. No seu acordo fechado com a PF, Palocci afirmou que a Qualicorp fez pagamentos a uma empresa de um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em troca de obter benefícios na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

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