Abraham Weintraub, ministro da Educação
Claudio Reis / FramePhoto / Agência O Globo
Abraham Weintraub, ministro da Educação

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, compareceu à sede da Polícia Federal na tarde desta quinta-feira (5) para prestar depoimento sobre a acusação de racismo em uma manifestação sobre chineses. O ministro, porém, se negou a responder às perguntas da PF e entregou suas declarações por escrito . Na saída, foi carregado nos braços por apoiadores.

O inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Celso de Mello, e foi aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A defesa  tentou suspender junto ao STF o depoimento, mas não obteve sucesso. Com isso, Weintraub teve que comparecer pessoalmente à PF.

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No início do mês, em meio à pandemia do novo coronavírus, Weintraub publicou em seu Twitter uma postagem satirizando o modo de falar dos chineses, que provocou dura reação da embaixada da China no Brasil. O ministro da Educação insinuou que os chineses poderiam se beneficiar da crise decorrente do coronavírus e chegou a usar a forma de o personagem Cebolinha, de Maurício de Sousa, falar trocando o “r” pelo “l”, em uma referência ao sotaque de chineses que falam português. O embaixador da China, Yang Wanming, chamou Weintraub de racista e o ministro apagou a publicação.

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) também prestou depoimento à PF ontem por cerca de duas horas na sede do órgão em Brasília, mas em outra investigação. Alvo do chamado inquérito das “fake news” no STF, a parlamentar defendeu a liberdade de expressão, mas disse à coluna de Bela Megale no site do Globo que “ouviu todas as perguntas” do delegado e que preferiu não responder por não ter tido acesso ao conteúdo da investigação.

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“Ouvi as perguntas e, como não tive acesso ao inquérito, preferi não responder, mas fiz constar algumas informações que considero relevantes, como a liberdade de expressão, meu respeito às instituições, à Constituição e o respeito às garantias fundamentais”, afirmou.

Mobilização nas redes

O depoimento de Weintraub movimentou ontem a base bolsonarista digital. A hashtag #fechadoscomweintraub ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter e chegou a ser compartilhada pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.

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Em uma rede social, Weintraub fez ontem uma postagem afirmado que não foi racista nessas declarações e defendendo sua “liberdade de expressão”, horas antes de ter que ir à PF prestar o depoimento. “Enriquecimento ilícito, servidor público bilionário e roubar o dinheiro do cidadão, do pagador de impostos, deveria ser o principal crime a constar na Lei de Segurança Nacional”, escreveu o ministro.

Após o depoimento, Weintraub também fez uma manifestação em rede social dizendo que foi “muito bem recebido” pelo novo diretor-geral da PF Rolando Alexandre de Souza, escolhido por Bolsonaro após a saída do diretor Maurício Valeixo, que era nome de confiança do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. “Prestei depoimento à PF, em respeito à polícia. Fui muito bem recebido pelo diretor-geral Rolando e por toda sua equipe. Agradeço especialmente a você, que me apoia na luta pela liberdade”, escreveu.

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