Bandeira antifascista durante ato.
Reprodução/Twitter
Bandeira antifascista durante ato.

Um dia depois de grupos antifascistas e torcidas organizadas organizarem protestos contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e em favor da democracia, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) fez uma proposta de alteração da Lei Antiterrorista .

Nela, o parlamentar defende que grupos e movimentos antifascistas – ou que tenham ideologias similares a eles – sejam taxados como terroristas . Mas afinal, o que é o fascismo e o que são os movimentos antifascistas?

Leia também:Maia chama de absurdo projeto que quer definir antifascistas como terroristas

O fascismo é um movimento político que surgiu na Itália na primeira metade do século XX que se espalhou e influenciou diversos países como a Alemanha e o próprio Brasil. Segundo Odilon Neto, professor de História Contemporânea da UFJF e Pesquisador do Observatório da Extrema-Direita, o modelo fascista é baseado em uma série e características ligadas ao ultranacionalismo .

“Quando falamos sobe fascismo a gente lembra da Itália fascista, que foi o primeiro momento em que o fascismo se mostrou como uma ideologia e como uma ditadura política baseada em alguns fatores essenciais como o ultranacionalismo, o militarismo, a adoração à uma liderança, um apego a valores tradicionais e o controle da informação”, afirma Odilon.

O movimento fascista também tinha como o característica o aspecto antidemocrático, uma vez que o movimento se opõe à democracia e ao pluripartidarismo, sendo favorável ao unipartidarismo, modelo no qual a existência de mais de um partido político é proibida. Outro fator essencial no fascismo é não tolerar ideias que não sejam compatíveis com as difundidas pelos próprios fascistas.

Nesse contexto, o historiador afirma que, inicialmente, os movimentos antifascistas estavam atrelados “aos oponentes daqueles que o fascismo buscava destruir”, destacando as organizações de esquerda, movimentos comunistas e anarquistas e minorias que fossem contrárias ao modelo fascista. Entretanto, Odilon também afirma que o conceito de antifascismo foi sendo ampliado com o tempo até atingir seu formato atual.

Você viu?

“Após 1945, a própria noção de fascismo fica menos restritiva. Com o tempo, assim como a dimensão de fascismo se torna mais ampla, a dimensão de antifascista também. Os antifascistas são aqueles que querem combater a ascensão de regimes, governos, lideranças e discursos que eles entendem como fascistas.”, diz Odilon.

Leia também: Bolsonaro critica protestos nos EUA: "não gostaria que acontecessem no Brasil"

Outras características dos movimentos antifascistas, que também podem ser chamados de antifas, são a aposta em ações políticas diretas – tanto no ambiente virtual como no real –, a presença de discursos associados à correntes comunistas e anarquistas e não preferência por não depender do Estado para combater os ideais fascistas.

Relação do governo

Desde sua campanha para a Presidência em 2018, Bolsonaro é relacionado ao fascismo. Odilon diz não enxergar Bolsonaro como um líder fascista, mas reconhece a existência de alguns elementos do governo que podem ser comparados com ideais fascistas

"Eu vejo que tem alguns elementos que podem ser comparados, como esse discurso que é ultranacionalista, essa tendência de enxergar o mundo dividido entre amigos e inimigos, entre ‘nós’ e ‘eles’ e essa questão de não apenas silenciar, mas de perseguir categorias que eles julgam indesejáveis, sejam adversários políticos ou as minorias", diz Odilon, que complementa:

"Contudo, eu não enxergo o Bolsonaro como uma liderança fascista, mas vejo que tem diversos elementos nesse populismo de ultra-direita do Bolsonaro que têm uma trajetória histórica e que podem ser associados ao fascismo". 

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!