Em dezembro de 2018, quando Jair Bolsonaro já tinha sido eleito o presidente do Brasil, Flávio Bolsonaro, filho dele e recém-eleito Senador, teria procurado seu suplente, Paulo Marinho, em busca de ajuda para encontrar um advogado criminal no meio do escândalo envolvendo o nome dele e de Fabrício Queiroz, acusados de rachadinha desviando recursos públicos de quando Flávio ainda era deputado estadual.
Segundo Marinho, ao ser procurado por Flávio ele foi informado de que a informação sobre a operação foi passada por ele ainda antes do escândalo tomar proporção, entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2018 por um delegado da Polícia Federal simpatizante da candidatura de Bolsonaro. A informação é da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
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Em entrevista publicada pelo jornal neste sábado (16), Marinho afirmou, ainda, que o delegado que vazou a informação para o senador sugeriu que Queiroz e a filha dele, que trabalhava no gabinete de deputado federal de Jair Bolsonaro, fossem demitidos dos cargos, o que ocorreu no dia 15 de outubro.
Segundo Paulo Marinho, que afirmou que Flávio conseguia manter contato com Queiroz mesmo no período em que ele estava desaparecido, as informações privilegiadas da PF eram sigilosas, principalmente porque, dentro da corporação, o caso não deveria se tornar público antes do fim das eleições, já que poderia interferir diretamente na votação.
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Apesar de ter usado a própria casa como um dos pontos de base de candidatura de Bolsonaro e ser um dos maiores apoiadores do nome do presidente na época da campanha, Paulo afirmou na entrevista que “o capitão não tem capacidade pessoal de gerir um país em condições normais”, garantindo que a situação fica ainda pior no meio da pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2).
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As desconfianças de Marinho em relação a Bolsonaro, segundo ele, se iniciaram ainda durante a corrida eleitoral. O pré-candidato a prefeito apontou que o presidente era “incapaz de agradecer às pessoas”, disse que ele fazia uma série de piadas homofóbicas e que “tratava as mulheres como um ser inferior”.
Eleições do Rio
Paulo toma o lugar de Gustavo Bebianno como pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro após a morte do ex-ministro de Bolsonaro, a quem ele considera como um “irmão”. Ele foi a terceira pessoa a ser cogitada para o cargo pelo governador de São Paulo, João Doria. Apesar do governador não ter se lançado de forma oficial para a presidência em 2022, Marinho afirmou à colunista da Folha que o Brasil “precisa eleger um presidente” com as qualidades do PSDBista.