Jair Bolsonaro
Agência Brasil
Está será a quarta vez que o presidente discursará sobre a doença desde o dia 6 de março.

O presidente Jair Bolsonaro vai convocar novamente cadeia nacional de rádio e televisão para exibir outro pronunciamento sobre o combate ao novo coronavírus , na noite desta terça-feira. Esta será a quarta vez que o presidente discursará à população sobre a doença desde o dia 6 deste mês. Na terça-feira passada, ele pregou o retorno à normalidade e que "a vida tem que continuar", contra o "pânico ou histeria".

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Pela manhã, na saída do Palácio da Alvorada, usou trecho de pronunciamento do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, para alegar que, agora, até a entidade internacional estaria defendendo o retorno ao trabalho. E aventou a possibilidade de fazer um pronunciamento para comentar a fala do dirigente da entidade.

"Vocês viram o que o diretor-presidente da OMS falou, não? Alguém viu aí? Que tal eu ocupar rede nacional de rádio e TV hoje à noite para falar sobre isso?", comentou Bolsonaro a jornalistas.

Na véspera, Tedros citou a preocupação com pessoas isoladas em lugares mais pobres do mundo que têm que trabalhar diariamente para ganhar o "pão de cada dia" e cobrou dos governos que adotem medidas para garantir a renda da população mais pobre com a crise do coronavírus. Bolsonaro se referiu apenas a primeira parte da fala de Tedros, mas omitiu a segunda.

O GLOBO apurou que o presidente já reservou um horário para gravar o pronunciamento na tarde desta terça, após reunião ministerial marcada para começar às 14h30 e terminar às 16h45.

Às 17h, o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, e representantes dos ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública, Economia e Defesa participarão de entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

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Trecho de vídeo da OMS

Aliados do governo passaram a divulgar uma versão editada da entrevista dada pelos dirigentes da OMS na segunda-feira em que não aparecem nem as referências diretas à defesa das medidas de isolamento, nem os trechos em que o diretor-geral cobra dos países medidas para assegurar renda à população carente.

Mais cedo, o próprio Bolsonaro havia publicado um vídeo com a parte da fala de Tedros, legendas, em suas mídias sociais. Mas OMS continua pregando o isolamento e o distanciamento social como principais medidas contra a Covid-19, informação que Bolsonaro omite.

A fala de Tedros Adhanon mencionada por Bolsonaro foi uma resposta a uma pergunta sobre os impactos das medidas impostas pelo governo da Índia, que impôs restrições de movimentação e fechamento de comércio no país.

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"Sou da África e sei que muita gente precisa trabalhar cada dia para ganhar o seu pão. E governos devem levar essa população em conta. Se estamos limitando os movimentos, o que vai acontecer com essas pessoas que precisam trabalhar diariamente? Cada país deve responder a essa questão - disse Tedros, acrescentando: - Precisamos também ver o que isso significa para o indivíduo na rua. Venho de uma família pobre e sei o que significa sempre preocupar-se com o pão de cada dia. E isso precisa ser levado em conta. Porque cada indivíduo importa. E temos que levar em conta como cada indivíduo é afetado por nossas ações. É isso que estamos dizendo.".

Posicionamento sobre a pandemia

Desde a semana passada, Bolsonaro adotou um posicionamento radical em relação à pandemia, diminuindo os riscos do novo coronavírus. No pronunciamento feito na última terça-feira (24), o presidente chamou a Covid-19 de "gripezinha" e defendeu o retorno das atividades comerciais e das aulas nas escolas. Além disso, ,o presidente defendeu o "isolamento vertical" no qual apenas os idosos deveriam ficar em quarentena.

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No último domingo (29), contrariando as recomendações de diversos especialistas ao redor do globo, o presidente divulgou um vídeo em suas redes no qual aparece passeando por Brasília e promovendo aglomerações. Por violar as regras das plataformas, o Twitter, O Facebook e o Instagram removeram a publicação do ar. 

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