Governadores de todo país preparam uma reação conjunta ao presidente Jair Bolsonaro, que em pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, na noite desta terça-feira (24), criticou o que chamou de “confinamento em massa” para o combate ao novo coronavírus no país, que já deixou 46 mortos no país.
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Logo depois da fala de Bolsonaro , chefes de Executivos trocaram mensagens pelo WhatsApp e decidiram manter restrições nos Estados como forma de conter o avanço da pandemia. Um deles sugeriu que, além de se manifestar pela manutenção das medidas, os governadores defendam o respeito à ciência e à vida.
Em vídeo publicado em suas redes sociais, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), afirmou que as declarações do presidente “contrariam as determinações da Organização Mundial da Saúde”: "nós continuaremos firmes, seguindo as orientações médicas, preservando vidas. Eu peço a você: por favor, fique em casa".
O Globo apurou que o pronunciamento foi mal recebido, especialmente, pelos governadores do Sudeste, com quem Bolsonaro terá uma reunião por videoconferência nesta quarta-feira. A avaliação é a de que o presidente quis, de certo modo, provocar aqueles que hoje são considerados os seus dois principais rivais políticos: Witzel e João Doria (PSDB), de São Paulo.
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Em mensagem gravada em vídeo, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), afirmou que “seguirá a ciência” e cumprirá “todo o regramento”.
"Sei que as pessoas, nesse momento, vão ter prejuízos de bens materiais, nos negócios, na renda, mas há algo em primeiro lugar: a vida. É a vida humana, sr. presidente. Nós estamos tratando da vida humana e, no Piauí, a vida tem valor. Nós vamos cuidar da vida humana, fazendo, inclusive, isolamento social onde for necessário", disse, Wellington.
Num recado direto aos governadores , Bolsonaro pediu a reabertura do comércio e das escolas e o fim do "confinamento em massa". As ações têm sido utilizadas por grande parte dos Estados no combate à crise epidemiológica.
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"Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas?", questionou Bolsonaro .
O presidente afirmou que o coronavírus "brevemente passará" e afirmou que a vida "tem que continuar": "o vírus chegou. Está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade".