Convidado do Roda Viva desta segunda-feira (17), Ciro Gomes passou boa parte do programa criticando o presidente Jair Bolsonaro. “Nós temos um irresponsável na Presidência da República, um completo despreparado, incitando a população contra as instituições”, disse referindo-se à participação de Bolsonaro na manifestação no último domingo (16).
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Para ele, o presidente “está vendo que o chão está faltando no pé” e por isso vai criar “todos os casos possíveis” para testar a resiliência da sociedade brasileira. Em outro momento, enfrentou: "Ô, Bolsonaro , tu e teus generais de pijama, se mete [com a gente] para tu ver como nós vamos te encarar".
Ciro Gomes não estava fisicamente no centro da roda. O vice-presidente do PDT nacional estava conectado via satélite em uma espécie de telão pois apresentou sintomas de gripe e, em meio a crise do coronavírus, achou mais prudente não comparecer ao estúdio e participar à distância.
Caso Cid Gomes
Logo no primeiro bloco do programa, o clima esquentou quando o repórter especial da Folha de S.Paulo , Fábio Zanini, lembrou o caso recente de quando seu irmão, o senador Cid Gomes , levou dois tiros após tentar derrubar uma porta em um motim de policiais militares do Ceará. Ciro defendeu a atitude de seu irmão e desferiu à cobertura do caso. “Se a gente não tem coragem de lutar, vamos pelo menos ter a decência de respeitar quem tem. O Cid é um herói”.
Questionado pela apresentadora Vera Magalhães se o país precisa de heróis e lembrado por ela de que atrás da porta haviam pessoas, o cearense respondeu alterado: “É uma indignidade o cidadão ter levado dois tiros no peito e o jornalismo brasileiro ficar relativizando isso”.
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Vera Magalhães rebateu mais uma vez, defendendo a atuação da imprensa e afirmando que a situação não deveria ter sido resolvida com uma retroescavadeira. “O Brasil está doente, Vera. Quando o presidente fala o que fala de jornalistas e a gente fica com essas pseudo-elegâncias, vocês vão ver, vocês vão ser os primeiros a ser vítimas do que vem por aí”. “Mas nós não podemos pegar uma retroescavadeira, sinto muito”, respondeu Vera. “Podemos sim!”, foi a tréplica enfática do convidado, que afirmou que se tratava de legítima defesa.
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Impeachment e ausência no segundo turno em 2018
Mesmo atacando o presidente, Ciro se posicionou contrariamente ao impeachment do Bolsonaro. Para ele, o impedimento é um instrumento político-jurídico que não deve ser usado com tamanha frequência. “Hoje, não me parece haver esse ambiente político para fazer esse impedimento”, cravou.
Ele também defendeu sua escolha nas eleições de 2018 de não apoiar Fernando Haddad no segundo turno e, mais ainda, de se ausentar do País na ocasião. Para ele, “o lulo-petismo é o responsável pelo bolsonarismo boçal”. O ex-ministro comparou os dois candidatos, principalmente na área econômica.
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O programa, marcado por hostilidades entre Ciro Gomes e os entrevistadores, teve a segunda maior audiência da temporada comandada por Vera Magalhães, ficando atrás apenas da estreia, com o ministro da Justiça Sergio Moro. A hashtag #CiroNoRodaViva ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter ao longo do programa e após seu término.