O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, manteve a prisão preventiva [por tempo indeterminado] de Thiago Eliezer e Luiz Henrique Molição, após audiência de custódia com ambos, nesta segunda-feira (30). Os dois são acusados de invadir, em conjunto com o hacker Walter Delgatti Neto, o Telegram de autoridades, entre elas o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o chefe da Operação Lava Jato, em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol.
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Ricardo Leite disse que a decisão se baseou no fato de que a perícia nos aparelhos eletrônicos apreendidos pela Polícia Federal não terminou, e que outras medidas mais brandas à prisão preventiva dos hackers , como a tornozeleira eletrônica por exemplo, não teriam a mesma eficácia.
Molição foi preso depois que a PF encontrou um áudio em que ele conversava com o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil , sobre a divulgação de mensagens de autoridades, obtidas por meio do Telegram. A PF investiga, também, se Molição praticou crimes ao lado de Delgatti.
O advogado dele, Ademar Costa, pediu que, no lugar da prisão por tempo indeterminado, o juiz optasse pelo monitoramento eletrônico ou por prisão domiciliar, pois ele considera que o cliente não atrapalharia as investigações e “está disposto a depor a qualquer momento”.
"Ele está muito longe de ser um hacker ou um elemento principal em toda essa trama. Sugiro outras alternativas, como monitoramento eletrônico, proibir de acessar a internet ou ficar na casa dele. Me chamou muito a atenção o estado de ansiedade e, nesse contexto, penso eu, esticar essa prisão, sendo que já foi apreendido, a perícia não depende de ele estar preso ou não", defendeu.
O juiz da 10ª Vara manteve a prisão, mas sugeriu que a defesa formalizasse o pedido de uma nova medida cautelar, que seria analisada com “mais calma”, pois durante a audiência Molição alegou quadro de ansiedade.
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"Acho que está muito clara a participação dele, a invasão de dispositivos informáticos . Os atos foram graves, invasão do dispositivo de várias autoridades. A gente tem que esclarecer como seria a participação até para verificar se era secundária, de modo que não vejo outra alternativa, para verificar a extensão da participação dele. Está mantida a prisão preventiva", afirmou Ricardo Leite.
A representante do Ministério Público, a procuradora Luciana Loureiro Oliveira, manifestou-se contra medida cautelar como alternativa à manutenção da prisão preventiva , mas sugeriu que Molição possa ser transferido para São Paulo, onde mora com a família.
"Não vejo a possibilidade de liberar por medida cautelar, em razão da necessidade de restrição, pelo menos que se conclua o procedimento de perícia", argumentou.
O advogado de Eliezer, Thiago Vitor dos Santos, também pediu a suspensão da prisão preventiva , porque, segundo ele, o acusado não conhecia os outros membros do crime e não antecendentes criminais.
"Tendo em vista que é réu primário, ele tem residência fixa, a gente acredita que alguma medida cautelar pode ser aplicada ao caso. Ficou claro que o Thiago não conhecia as outras pessoas", defendeu.
Conforme o jornal O Globo revelou, Eliezer é suspeito de ser o “mentor” da invasão, o que foi lembrado pelo juiz Ricardo Leite, como base para negar o pedido. O magistrado disse, também, que existem muitos relatórios da PF que afirmam que Eliezer teve “bastante contato com Walter”, o autor das invasões.
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"Ele atuaria no desenvolvimento técnico e teria conhecimento e praticado crimes cibernéticos. Eu não consigo monitorá-lo 24 horas nesse sentido, até pela facilidade de acesso a internet através de Lan House ou celular. Não precisa conhecer as outras pessoas. A PF vem apontando a periculosidade dele. Não vejo outra alternativa que não mantê-lo segregado até maior detalhamento da estrutura dessa organização. Não vejo nenhuma possibilidade de medida cautelar diversa e a tornozeleira eletrônica não seria suficiente", argumentou o juiz.