O novo procurador-geral da República , Augusto Aras , defendeu nesta segunda-feira (30) um "tratamento mais rigoroso" aos acordos de delação premiada para preservar sua credibilidade. Em entrevista ao jornal O Globo, Aras disse que esse recurso não pode ser usado por colaboradores como formas de cometimento de novos crimes até de "vingança" contra desafetos.
Ele afirmou que pretende criar um órgão colegiado para unificar a coordenação de todas as forças-tarefas de investigações pelo Brasil, como a da Lava-Jato de Curitiba — a qual Aras critica por ter se tornado "personalista" e ter demonstrado um "projeto de poder", em desconformidade com a instituição.
Em seu terceiro dia de expediente, Aras ainda está com o gabinete vazio, sem quadros e poucos livros, tendo apenas uma imagem de Santo Antônio e outra de Nossa Senhora da Conceição. Segundo o próprio chefe do Ministério Público Federal ( MPF ), ele ainda está tomando conhecimento dos processos e da estrutura do órgão.
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Sobre dois julgamentos que irá enfrentar em breve no Supremo Tribunal Federal ( STF ), a suspensão de investigações que usaram relatórios do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e a anulação de casos da Lava-Jato porque réus não tiveram o direito de falar após os delatores nas alegações finais.
Aras afirma que não pode haver uma generalização sem a análise de cada caso concreto e aponta risco de "situações de extrema impunidade". Mas, ao contrário do posicionamento anterior da PGR, Aras alinha-se à tese majoritária no STF de que os réus têm o direito de falar só após os delatores.
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Aras fez elogios ao presidente Jair Bolsonaro, responsável por sua indicação por fora da lista tríplice organizada por uma votação interna da categoria, mas nega alinhamento automático com o governo. Disse que, nas conversas que teve com Bolsonaro, nunca houve pedidos "não-republicanos" e nunca foram abordadas as investigações sobre seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).