Chanceler participou de Comissão das Relações Exteriores na câmara
Isac Nóbrega/PR
Chanceler participou de Comissão das Relações Exteriores na câmara

O Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, criticou o aborto durante uma audiência na Comissão das Relações Exteriores da Câmara na manhã desta quarta-feira (7). Para isso, o chanceler citou que a saúde da mulher é equivalente a um bolo e o aborto equivale a um gilete. 

“Você tem um bolo, e, dentro desse bolo , tem uma gilete. Eu quero abrir esse bolo e tirar a gilete. O bolo é a saúde da mulher e tem uma gilete lá dentro que é o aborto, que tem que ser discutido em outra discussão”, afirmou o ministro. 

Ernesto Araújo também, foi duramente criticado pelos  deputados da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara, em razão da mudança de postura do governo brasileiro nos fóruns internacionais de direitos humanos. As principais cobranças foram focadas em aborto, " ideologia de gênero " e tortura no Brasil.

Durante a audiência pública, a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), lembrou alguns episódios recentes no país, como o assassinato do líder indígena Emyra Wajãpi , no Amapá, e as declarações de Bolsonaro sobre o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, que foi preso e morto da ditadura militar. 

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Ela também mencionou uma frase de Araújo, proferida durante um seminário,  afirmando que, hoje, "um homem olhar para uma mulher já é tentativa de estupro ".

“O senhor não tem vergonha de fazer uma declaração dessas? O senhor acredita que os países da ONU serão condescendentes com isso?”, indagou a parlamentar.

A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) disse que, quando se fala sobre direitos sexuais reprodutivos, o objetivo é enfrentar a epidemia do estupro no Brasil, e não defender meramente o aborto. Ela ressaltou, ainda, que seu avô foi torturado. “Direitos humanos não têm a ver com esquerda ou direita”, disse a parlamentar fluminense.

Já Sâmia Bomfim (PSOL-SP) disse que o chanceler de Bolsonaro se assemelha a um "personagem fantasmagórico" de alguma série de televisão. Esse personagem, afirmou a deputada, assusta a todos, por causa de suas ideias contra medidas para conter o aquecimento global.

Respostas de Araújo

Ao responder às questões, Araújo foi interrompido várias vezes, com gritos dos deputados opositores que, em alguns casos, bateram boca com os parlamentares governistas que saíram em defesa do chanceler.

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Segundo o ministro, a política externa não é alheia ao processo democrático e segue o que a população que votou no presidente Bolsonaro espera do atual governo. Ele acrescentou que a própria candidatura do Brasil a membro da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) obriga o Brasil a melhorar a qualidade de suas políticas públicas.

“Temos feito uma atualização importante em nossa política externa. Defendemos os direitos da mulher, das crianças, dos adolescentes, dos indígenas e das pessoas com deficiência; a saúde e a liberdade de religião. Também combatemos o racismo e a corrupção. O Brasil defende, em todas as vertentes, a igualdade entre homens e mulheres e nossa política de direitos humanos é conduzida de acordo com nossa Constituição”, assegurou o ministro das Relações Exteriores.

Ernesto Araújo evitou entrar em detalhes ao falar sobre "ideologia de gênero", termo utilizado por quem acredita que a divisão dos seres humanos seja exclusivamente entre homens e mulheres. Segundo estudos recentes, os gêneros não seriam moldados pelo sexo biológico, mas sim com a estrutura individual e cultural de cada indivíduo:

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“O que defendemos não se desvia de nossa legislação e de compromissos em níveis nacional, bilateral e multilateral. Somos favoráveis à igualdade entre homens e mulheres.”

Direitos reprodutivos

Assim como outros integrantes do governo, ele afirmou que o caso do menino Rhuan, de nove anos, que foi castrado, assassinado e esquartejado pela mãe há cerca de dois meses, no Distrito Federal, enquadra-se na questão da "ideologia de gênero". A mãe tinha uma companheira, com quem vivia há alguns anos, e via no filho um empecilho para seu relacionamento.

“É um caso prático. A própria mãe se sentiu empoderada para castrar e matar o menino. Ela ouviu que não existe diferença entre homem e mulher “, disse o chanceler.

Sobre tortura, ele argumentou que, entre os motivos que levaram o governo brasileiro ser contra o regime do Venezuelano Nicolás Maduro, uma delas é a situação nas prisões. Ele lembrou que existe um relatório da ONU destacando a inexistência de direitos humanos naquele país. “As pessoas que me criticam defendem o governo Maduro”, afirmou.

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