Sérgio Moro
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil - 2.7.19
Sergio Moro durante audiência na CCJ da Câmara dos Deputados

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, criticou nesta terça-feira (16) a divulgação de mensagens que mostrariam um conluio entre o ex-juiz e procuradores em ações da Lava Jato em Curitiba. O ex-magistrado, que não reconhece a autenticidade do material publicado pelo site "The Intercept Brasil" e outros veículos de imprensa, disse que os jornalistas deveriam fazer uma reflexão "para não se desmoralizarem".

"Sou grande defensor da liberdade de imprensa, mas essa campanha contra a Lava-Jato e a favor da corrupção está beirando o ridículo. Continuem, mas convém um pouco de reflexão para não se desmoralizarem. Se houver algo sério e autêntico, publiquem por gentileza", escreveu Moro .


Desde junho, o "The Intercept" publica uma série de reportagens com base em conteúdo repassado ao site por uma fonte anônima. Mensagens que teriam sido extraídas de conversas no aplicativo Telegram revelariam, segundo críticos, uma atuação parcial de Moro em processos que ele julgou na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba.

Segundo o site, Moro deu orientações  ao procurador sobre como atuar em processos da Lava Jato, inclusive em um que investigava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-juiz ainda teria orientado os procuradores a divulgar uma nota para rebater pontos de contradição no depoimento de Lula, após o que teria chamado de "showzinho da defesa" do líder petista.

Moro tomou a iniciativa de marcar audiências no Senado e na Câmara assim que o caso veio à tona, com o objetivo de enfraquecer as iniciativas da oposição de propor uma CPI com base nas conversas divulgadas. O ministro pediu uma licença não remunerada, entre 15 e 19 de julho, para viajar com a família aos Estados Unidos e "reenergizar o corpo" . 

Moro e o coordenador da força-tarefa em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol, negam irregularidades e denunciam a invasão ilegal de suas comunicações. Em outra leva de mensagens, divulgadas pelo "Intercept" com a revista "Veja", Moro teria alertado a acusação sobre a inclusão de uma prova em processo contra o operador de propina Zwi Skornicki; orientado o MPF sobre datas de operações — uma delas ligada a ação contra o pecuarista José Carlos Bumlai — e feito pressão contra a negociação de delação premiada do deputado cassado Eduardo Cunha.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli,  pediu informações a Moro e à Polícia Federal sobre eventual investigação do jornalista Glenn Greenwald, um dos autores das reportagens do "Intercept", do qual é fundador. Foi dado um prazo de cinco dias para que Moro e PF respondam.

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