O governador de São Paulo, João Doria ( PSDB ), disse nesta quarta-feira que o deputado federal Aécio Neves(PSDB-MG) deveria sair espontaneamente do partido para evitar a necessidade de expulsão . A declaração foi dada ao jornal O Estado de S. Paulo em Cambridge, na Inglaterra, onde Doria participa de evento com investidores, em meio à pressão de tucanos de pela saída de Aécio da sigla devido às investigações da Lava Jato contra ele.
Leia também: PDT ameaça expulsar Tabata Amaral caso a deputada vote a favor da reforma
Doria disse que o "o melhor seria uma saída espontânea". Segundo ele, seria a forma mais "clara, transparente, equilibrada e serena" de conduzir o processo.
"Esta é uma solução política e eticamente adequada, mas é uma decisão que compete a ambos. Mas se não adotarem, o PSDB vai adotar", afirmou o governador paulista. De acordo com Doria, a manutenção de Aécio no partido tem gerado um "mal-estar".
Investigado em oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado federal voltou a ser notícia na última sexta-feira, quando a Justiça Federal de São Paulo ratificou o recebimento de uma denúncia já aceita anteriormente pelo Supremo, em que o tucano é acusado de pedir R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, do Grupo J&F.
"Manter a filiação (de Aécio ) diante de fatos aparentemente graves provoca em vários setores do PSDB um mal-estar. E diante da perspectiva das eleições de 2020, esse mal estar vai crescer", disse.
Leia também: Tucanos de São Paulo pressionam por saída de Aécio do PSDB
Ainda na entrevista, Doria disse que o partido "não vai virar as costas" para a sua história, mas precisa olhar para o futuro. De olho na campanha de 2022, o governador paulista, possível candidato à Presidência, tem defendido um "novo PSDB".
Na semana passada o diretório municipal de São Paulo do PSDB encaminhou um pedido de expulsão de Aécio à Executiva Nacional do partido. O diretório mineiro reagiu nesta erça-feira, ameaçando revidar com denúncias contra tucanos paulistas.
Os dirigentes paulistanos defenderam a expulsão como medida para"estancar a sangria" do partido. "É uma sangria que não estanca. Nos embates políticos aqui na cidade somos sempre confrontados com a questão do Aécio. Precisamos dar resposta", afirmou o presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo.
Antes de o pedido ser analisado, no entanto, o partido precisa instalar o conselho de ética, o que não há previsão para acontecer.
O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, disse que, assim que for instalado o colegiado, a representação do diretório paulistano será encaminhada.
"Toda e qualquer representação contra filiados será encaminhada diretamente ao conselho de ética, que é o órgão competente do partido para analisar essas questões e tem regramento próprio para fazê-lo", disse.
Leia também: Senado aprova projeto que impõe prazo para julgamento de decisões provisórias
Aécio não demonstra disposição em se licenciar. Procurado para comentar o pedido de expulsão nesta terça-feira, o deputado não quis comentar. Em nota, informou que “não existe nova denúncia contra ele” e que o Supremo Tribunal Federal “apenas transferiu denúncia para a Justiça Federal de São Paulo”. Aécio reafirmou ser inocente das acusações da Lava Jato.