Depois de demitir três ministros em menos de seis meses de governo, o presidente JairBolsonaro afirmou nesta sexta-feira (14) que, antes de demitir um auxiliar cujo desempenho não lhe agrada, é preciso deixar a pessoa “se enrolar um pouco mais.”
O método conhecido como 'fritura' é, segundo Bolsonaro , o oposto do que defende o filho do meio "mais imediatista". Durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo afirmou que o vereador do Rio tem capacidade de se antecipar aos problemas.
"Ele [ Carlos ] levantou alguns problemas no passado e eu falo o seguinte: tem que dar um tempo para, ao dar o cartão vermelho para essa pessoa, não ter dúvidas. E tem que deixar a pessoa se enrolar um pouco mais, no linguajar popular. E ele é imediatista. Converso com ele, mas não sigo 100% o que ele fala", declarou.
O presidente admitiu ainda que o filho já “exagerou sim” nas redes sociais e pediu para que ele fosse mais comedido nas redes sociais. Bolsonaro afirmou ter argumentado que um posicionamento errado tem consequências para o governo e para a população.
"Exagera de vez em quando, sim, exagera, porque ele quer ver o caso resolvido rapidamente, mas está contido esse ímpeto por parte dele, até porque falo com ele que uma palavra, uma frase equivocada você mexe na bolsa, mexe na vida de milhões de pessoas, pode mexer em uma relação internacional do Brasil que estava caminhando nesse sentido", disse o presidente, ressaltando que o filho está há mais de dois meses sem se manifestar.
Antes da demissão nessa quinta-feira (13) de Carlos Alberto Santos Cruz , chefe da Secretaria de Governo, outros dois ministros - Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral) e Ricardo Vélez Rodríguez (Educação) - já haviam passado pelo mesmo processo de desgaste político para serem, enfim, dispensados.
Nos três casos, Bolsonaro havia se decidido por exonerá-los, mas adiou o anúncio ao máximo, enquanto a imagem dos ex-auxiliares eram corroídas nas redes sociais, tornando a permanência no governo insustentável.
Ainda durante a conversa com repórteres que cobrem o Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que considera “não ter cometido nenhum erro grave no governo” e que escolheu “as pessoas certas” para ocupar os ministérios.
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Bebianno é 'página virada'
O presidente afirmou ainda que não sacrificará a gestão para manter pessoas que atuaram na campanha política.
"O Bebianno pra mim é página virada. Boa sorte pra ele", disse, citando ainda a ex-diretora da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Letícia Catelani, que segundo ele tinha “uma certa autoridade exagerada”. Seguidora do ideólogo de direita Olavo de Carvalho, ela foi demitida do cargo no começo do mês passado.
Em relação a Santos Cruz, o presidente reconheceu que havia problemas, mas revelou ter oferecido ao general da reserva do Exército a oportunidade de ocupar outro cargo no Executivo. Mas afirmou que o ex-ministro não demonstrou interesse.
"Ele continua no meu coração, por assim dizer", disse Bolsonaro .