Santos Cruzfoi demitido por Bolsonaro nesta quinta-feira (13)
Isac Nóbrega/PR
Santos Cruzfoi demitido por Bolsonaro nesta quinta-feira (13)


O ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência Carlos Alberto dosSantos Cruz — demitido pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira — foi alvo do de ataques do filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), e esteve no centro de embates com a ala ideológica do governo, ligada ao ideólogo Olavo de Carvalho.Ele é o terceiro a deixar o governo em menos de seis meses de gestão.

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Relembre os ataques a Santos Cruz e os embates com Carlos Bolsonaro e a ala ideológica do governo.

Ataques no Twitter
No mês passado, o ex-chefe da Secretaria de Governo disse ao presidente ter sido alvo de ataques nas redes sociais orquestrados pelos filhos de Bolsonaro e a ala ideológica ligada a Olavo de Carvalho. Na ocasião, a hashtag #ForaSantosCruz chegou a ficar entre os assuntos mais comentados do dia no Twitter. Santos Cruz e o presidente divergiram sobre o controle das redes sociais de Jair Bolsonaro. Na conversa no Palácio da Alvorada , Bolsonaro teria se irritado com o fato de o ministro não admitir que estava errado quando defendeu na rádio Jovem Pan em abril, uma legislação para as mídias sociais.

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Publicidade do Banco do Brasil
Em abril, o então ministro esteve no centro de outra crise dentro do próprio governo, quando Bolsonaro proibiu a veiculação de um comercial do Banco do Brasil que tinha como pano de fundo a temática da diversidade. Logo em seguida, a Secretaria de Comunicação do Planalto determinou que as peças publicitárias fossem submetidas à Secretaria de Comunicação do Planalto (Secom) antes da veiculação . No episódio, o ministro acabou criticando indiretamente uma ação do novo chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Fabio Wajngarten, que instruiu as estatais a submeter as peças de publicidade para a secretaria. A ação, lembrou Santos Cruz, fere a Lei das Estatais . 

Críticas a Olavo de Carvalho
O ex-ministro protagonizou outra polêmica com o atual secretário de comunicação, Fábio Wajngarten, por causa de falas sobre Olavo de Carvalho  , que constantemente critica a "ala militar" do governo Bolsonaro. Wajngarten é próximo de Carlos Bolsonaro e integra a ala ideológica do governo. Em março, Santos Cruz deu entrevista ao jornal Folha de S. Paulo na qual citou o “desequilíbrio” e o “linguajar chulo” de Olavo. “Por suas últimas colocações na mídia, com linguajar chulo, com palavrões, inconsequente, o desequilíbrio fica evidente", disse.

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Disputa pela Secretaria de Comunicação
Carlos Bolsonaro travou embates com o ex-ministro ao longo dos primeiros seis meses de governo: ele chegou a criticar abertamente a comunicação do governo , área de responsabilidade de Santos Cruz e sobre a qual a ala ideológica tem interesse .

Após o episódio da intervenção na publicade das estatais, a ala ideológica passou a buscar maneiras de diminuir o poder e influência do ex-ministro sobre a comunicação do governo . Chegou a ser cogitado que a Secretaria da Comunicação ficasse ligada diretamente à Presidência.

Não foi a primeira vez que o destino da Secom foi alvo de disputa. Ainda na transição, a área foi transferida para Segov pela rixa entre Carlos e Gustavo Bebianno, indicado ministro da Secretaria-Geral da Presidência e então responsável pela Comunicação, demitido em fevereiro deste ano

Em abril, após uma avaliação interna, o Palácio do Planalto deflagrou uma reestruturação da comunicação. A conclusão foi de que a área foi ineficiente e amplificou crises nos cem primeiros dias de governo . Na ocasião, Fábio Wajngarten foi nomeado para comandar a Secretaria de Comunicação, substituindo Floriano Barbosa. Ele é visto como mais hábil para a função. Barbosa era tido como engessado e sem interlocução com o setor . Ambos gozam da confiança de Carlos Bolsonaro que, segundo interlocutores, é quem na prática dá as cartas na comunicação do Planalto.

Extinção da EBC
Logo no início do governo, Santos Cruz contrariou uma das principais promessas de campanha de Jair Bolsonaro. Demostrando divergir do presidente, o ex-ministro negou que a empresa pública de comunicação, EBC, seria extinta . "A ideia não é acabar. A ideia é aproveitar o máximo que der da estrutura, mas fazer uma racionalização para fazer mais atualizada, mais ágil, sem ideologia, ver quais os princípios que ele vai difundir. Não pode, não tem interesse nenhum de competir com os veículos de comunicação tradicionais. Ela não pode ter ideia de competir, mas só de complementar. Ela vai passar por modificações em curto prazo sem dúvida nenhuma para se ter mais efetividade", afirmou o ex-ministro.

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