Ideia de alocar ex-deputados não eleitos na articulação política partiu de Bolsonaro; Onyx Lorenzoni exonerou cinco
Isac Nóbrega/PR - 4.6.19
Ideia de alocar ex-deputados não eleitos na articulação política partiu de Bolsonaro; Onyx Lorenzoni exonerou cinco

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni , decidiu dispensar da Casa Civil a equipe de ex-deputados responsáveis pela articulação política com o Congresso. Amplamente criticada por deputados e senadores, a interlocução é uma das grandes fragilidades do governo federal. A ideia de convocar não eleitos partiu do presidente Jair Bolsonaro e já não contava com a simpatia de Onyx. Dentro do PSL, as demissões foram vistas como "humilhantes". 

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Segundo interlocutores, Onyx Lorenzoni centralizou todo o trabalho de articulação e esvaziou as atribuições dos ex-deputados muito antes de decidir dispensá-los. O time acabou ficando sem função. No lugar de Carlos Manato (PSL-ES), foi nomeado agora como secretário especial para a Câmara dos Deputados Abelardo Lupion (DEM-PR), amigo do ministro.

Foram exonerados também os ex-deputados Laudivio Carvalho (PODE-MG), Victório Galli (PSL-MT), Marcelo Delaroli (PR-RJ) e Keiko Ota (PSB-SP). Alguns deles devem ser remanejados nos próximos dias para permanecer no governo. Segundo um vice-líder do governo na Câmara, a relação da Casa Civil com a Casa não estava indo bem, e até Bolsonaro teria admitido que a ideia de usar ex-deputados não funcionou.

Em nota, a Casa Civil disse que "os resultados não foram os esperados". "Quando houve o convite para que ex-parlamentares compusessem a equipe da Casa Civil, a ideia era facilitar o processo de interlocução com as bancadas. No entanto, apesar da expertise e do esforço dos mesmos, os resultados não foram os esperados. Assim, o governo está fazendo ajustes, com o objetivo permanente de estabelecer o diálogo mais produtivo com o Congresso, no melhor interesse do país."

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Bolsonaro defendia a ideia de empregar ex-deputados na articulação com o Congresso ainda no governo de transição, em 2018. Em novembro, ele disse que não iria negociar com partidos, e sim com frentes, e que Onyx estava "montando um grupo de ex-parlamentares para agir nessa área junto com Parlamento".

Procurado, Carlos Manato disse que pediu demissão e sua saída foi amistosa. Já o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), diz que Manato foi demitido e classifica o episódio como "humilhante". Alega que Onyx não deu justificativa para a dispensa e, como aliados de primeira hora, Manato e Galli, do PSL, deveriam ter espaço no governo.

"Foi deselegante a forma como ele demitiu Manato e Galli. Na decisão, o Parlamento não interfere, mas foi realmente de uma forma humilhante. Esse é o entendimento dos parlamentares. Recebeu uma ligação e foi demitido pelo telefone. É injusto para quem participou da transição", disse.

No grupo de WhatsApp da bancada do PSL , segundo Waldir, o sentimento foi de indignação com ocorrido.

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"Essa é uma decisão de governo, mas nós não concordamos com a forma como aconteceu. Onyx esqueceu que o Manato é um dos parlamentares que, quando o Bolsonaro não era ninguém, era um dos oito parlamentares que vieram para o PSL", disse.

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