A audiência pública para discutir o projeto de lei 470/19, do deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL), que visa extinguir as cotas raciais nas universidades estaduais, terminou em muita confusão, na última segunda-feira (10), na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Um vídeo da Rede TVT, única que cobria o evento, mostra o deputado estadual Alexandre Knoploch (PSL) agredindo, com um soco, um homem que seria aluno da instituição de ensino.
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Segundo contam estudantes da UERJ
, a primeira confusão começou quando Rodrigo Amorim exigiu que o hino nacional fosse cantado. Foi quando Waldeck Carneiro (PT), presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia (à qual a Uerj está ligada), que presidia o encontro, explicou que isso só era obrigatório em sessões solenes.
Durante os discursos, Amorim e Knoploch foram vaiados e xingados de "racistas", "fascistas" e "funcionários fantasmas". Também participaram do encontro, outros dois deputados do PSL: Coronel Salema e Márcio Gualberto. Durante a fala de parlamentares da oposição, alunos contam que Amorim e Knoploch batiam na mesa para interrompê-los. A plateia, formada por alunos, ameaçou subir na mesa em vários momentos.
Apesar do bate-boca e empurra-empurra durante a audiência, o ápice da confusão aconteceu na saída dos deputados do PSL. Knoploch, Amorim e Márcio Gualberto saíram escoltados por seguranças da Uerj e agentes particulares. O vídeo da TVT, exibido nesta terça-feira (11), mostra que ao deixar o local da audiência, Knoploch acertou um homem com um soco. O vídeo mostra, ainda, um de seus seguranças armados. Assista:
Procurado para explicar o episódio, Knoploch disse que reagiu a uma agressão. Mas as imagens não mostram que ele foi agredido. "Uma pessoa que estava na minha esquerda tentou me dar um soco. Automaticamente, virei e reagi", defendeu-se.
Em nota, Rodrigo Amorim declarou que "a audiência pública externa realizada na UERJ foi um ato de extrema irresponsabilidade dos deputados que a promoveram, levando um evento oficial da Assembleia Legislativa para um verdadeiro circo de horrores". Ele também alega que sua equipe foi alvo de agressão.
"Duas de nossas assessoras tiveram o cabelo puxado e sofreram diversos ataques físicos e ameaças por parte de estudantes", diz trecho da nota enviada à redação do Dia.
Criado pela Lei 4.151/03, o sistema de cotas determina que sejam reservadas no mínimo 20% das vagas de cada curso às pessoas negras, indígenas e oriundas de comunidades quilombolas. No ano passado, a Alerj aprovou a prorrogação da medida por 10 anos.
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“Os deputados tomaram essa decisão frente aos resultados muito positivos em diversas esferas, seja na conclusão dos estudos ou nos percentuais de evasão. Desde 2008, há uma carga forte de preconceito que busca forjar uma realidade que nunca se concretizou. Estamos em um ambiente de ataque às universidades e à pesquisa científica”, declarou o deputado Waldeck Carneiro (PT), presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia.