O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou nesta quarta-feira (01) que os Estados Unidos estão preparados para, se necessário, intervir militarmente na Venezuela. Está previsto que ele converse com o chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, sobre a escalada de tensões que tomou o país sul-americano nas últimas 24 horas .
“O presidente (Donald Trump) foi cristalinamente claro e incrivelmente consistente. Uma ação militar é possível. Se for necessário, é o que os Estados Unidos vão fazer”, disse Pompeo sobre a Venezuela , ressaltando que "nós preferimos uma transição pacífica no poder, com a saída de Maduro e a realização de novas eleições".
Na terça-feira (30), Pompeo acusara a Rússia de ter convencido Nicolás Maduro a permanecer na Venezuela, quando o presidente já estava pronto para embarcar num avião para Cuba. O governo russo e Maduro, entretanto, negam.
O conselheiro de Segurança Nacional americano, John Bolton, por sua vez, não quis detalhar o quanto os Estados Unidos sabiam sobre o envolvimento russo nos planos de Maduro para reagir à chamada "Operação Liberdade", convocada na manhã de terça pelo líder opositor Juan Guaidó para colocar "fim definitivo à usurpação" do poder por Maduro. Mas deixou claro que a interferência de Moscou não era nada bem-vinda. “Este é nosso hemisfério. Não é onde os russos devem interferir. É um erro da parte deles”, disse Bolton a jornalistas no jardim da Casa Branca.
Com um balanço de 109 feridos e 119 pessoas detidas na terça-feira, a Venezuela pode viver um novo dia de protestos nesta quarta. Guaidó convoca pelas redes sociais "a maior marcha da história" do país, enquanto o seu paradeiro permanece desconhecido.
“Não pode ficar impune”
Na noite de terça-feira, Maduro advertiu que haverá acusações penais contra os responsáveis pelo levante de um grupo militar contra o seu governo. Ele reconheceu que aquele havia sido um “dia difícil”, mas considerou que ao fim seus opositores “fracassaram em seu plano, fracassaram em seu chamado, porque o povo da Venezuela quer paz, salvo uma minoria”.
“Isso não pode ficar impune, falei com o Procurador Geral. Designei três promotores que já estão interrogando todos os envolvidos e dirigindo acusações penais pelos graves crimes contra a Constituição, o estado de direito e o direito à paz”, disse o presidente em pronunciamento televisionado, no qual apareceu ao lado do ministro da Defesa, Vladimir Padrino.
A onda de violência foi desencadeada por um vídeo publicado no Twitter por Guaidó às 05h47 de terça-feira no qual, cercado de militares perto da base militar de La Carlota, o opositor afirmava ter obtido o apoio das Forças Armadas contra Maduro. Ele convocou os venezuelanos às ruas para o que chamou de "Operação Liberdade", anunciando "o fim definitivo da usurpação" do poder por Maduro.
A ação opositora foi adiantada em um dia, uma vez que já haviam sido convocados protestos massivos para esta quarta-feira , Dia do Trabalhador. O feriado dialoga bem com a tentativa de Guaidó de conseguir apoio de sindicatos e trabalhadores públicos, tradicional base de apoio para Maduro e seu antecessor, o ex-presidente Hugo Chávez.
Embora Guaidó conte com apoio dos Estados Unidos e vários outros governos ocidentais, como o Grupo de Lima, formado por 14 países das Américas, incluindo Brasil e Colômbia, a cúpula das Forças Armadas não deu indicativos de que tenha abandonado Maduro.
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O presidente é ainda apoiado por Rússia, China e Cuba. Foi demitido, entretanto, o chefe do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), que teria escrito uma carta rompendo com o presidente da Venezuela , afirmando “ter chegado a hora de procurar novas maneiras de fazer política” e de “reconstruir o país”.