A confusão entre o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), o escritor Olavo de Carvalho e o vice-presidente Hamilton Mourão ganharam mais um personagem nesta quarta-feira (24): o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ). Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo , o parlamentar defendeu o irmão e reforçou as críticas ao vice de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Eduardo Bolsonaro avaliou a polêmica em torno do vídeo em que Olavo critica militares e aliados do governo, que foi compartilhado por Carlos nas redes sociais. O deputado defendeu o escritor, afirmou que ele é "uma grande referência" e falou que as declarações de Mourão causam ruído.
"Ele é uma grande referência. E o que tem causado bastante ruído são as sucessivas declarações do vice-presidente de maneira contrária ao presidente da República. O que parece é que, se o general conseguir cumprir a missão dele, que é substituir o presidente no caso da ausência, tudo bem. Ou as missões que o presidente der a ele. Se ele for um soldado do presidente, tudo se encaixa", declarou Eduardo.
Questionado sobre o comportamento de Carlos , que alimenta a discussão contra o vice em um momento em que o governo tenta aprovar a reforma da Previdência, ele voltou a atacar: "Será que esse conselho não é válido para o vice-presidente? Que todo mundo faça uma autorreflexão".
"É claro que o foco aqui é na Previdência. Existe limite para as coisas. São muitas declarações. Várias vezes as pessoas trazem reclamações relativas ao vice-presidente. Eu falo, olha, segura, é um cara bom, leal. Mas chega um momento que as pessoas começam a falar, ‘Eduardo, você é ingênuo ou está tapando os olhos para a realidade?'", completou.
Eduardo disse que seu irmão e Olavo de Carvalho estão "apenas reagindo" ao "que salta aos olhos" de quem acompanha a política e criticou o fato de o general Mourão ter curtido um post da jornalista Rachel Sherazade em que, nas palavras dele, ela "mete o pau" em Jair Bolsonaro. A curtida foi uma das causas do pedido de impeachment do vice, protocolado por Marco Feliciano.
"Isso daí não é conduta de vice. Bolsonaro fala que é contra o aborto, ele fala que é a favor. Olha, tudo bem, é uma opinião dele. Mas, vice-presidente, a função dele não é dar opinião, ele já deu. Ele já apareceu neste tempo aí somado mais que José Alencar, Marco Maciel, Itamar Franco e o Temer, que eram vices", opinou.
O filho do presidente afirmou ainda que seu objetivo não é causar polêmica e que, depois da aprovação da reforma da Previdência, o assunto se tornará "página virada" e o governo vai virar uma nova. O parlamentar também comentou o sigilo que o governo aplicou aos dados que embasam a reforma.
Eduardo Bolsonaro alega que, se os dados forem apresentados, a oposição vai "arranjar outra desculpa para tentar segurar a votação". "Eles sabem que, com uma reforma bem feita, o Brasil deslancha e isso cai na conta do Jair Bolsonaro, assim como, se a reforma não for feita e o Brasil quebrar, também vão tentar botar na conta do Bolsonaro, para tentar colocar alguém do partido deles, ou com perfil similar ao deles, de volta no poder", argumentou.