Delatores acusam ex-diretor da Dersa Paulo Preto de ter cobrado propina por contrato do Rodoanel
Geraldo Magela/Agência Senado - 29.8.12
Delatores acusam ex-diretor da Dersa Paulo Preto de ter cobrado propina por contrato do Rodoanel

O doleiro Adir Assad revelou, em delação premiada, que o ex-diretor da Dersa (estatal paulista de infraestrutura rodoviária) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, tinha um imóvel com parede falsa para guardar dinheiro e que já chegou a retirar até 15 malas com R$ 1,5 milhão da casa. As informações são do jornal Folha de S.Paulo .

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Paulo Preto , está preso desde a última terça-feira (20) , acusado de desviar mais de R$ 7 milhões que deveriam ser aplicados na indenização de moradores impactados pelas obras no Rodoanel.  Ele é apontado pela Lava Jato como o operador da Odebrecht de políticos do PSDB em São Paulo.

Segundo Assad, o imóvel, localizado na Vila Nova Conceição, tinha uma edícula usada como atêlie de pintura, que podia ser acessada por escadas na garagem. O cômodo tinha um quadro grande que era, na verdade, esconderijo para uma parede falsa. 

“Um vão com prateleiras, onde Paulo deixava guardadas diversas malas, todas cheias de dinheiro”, revelou o doleiro. 

Os procuradores da Lava Jato apontam três supostos fatos criminosos envolvendo políticas da Dersa . O primeiro evento se deu entre 2009 e 2011 e trata da inclusão de seis empregadas da família de Paulo e de sua filha Tatiana no programa de reassentamento do trecho sul do Rodoanel Mário Covas.

Entre as beneficiadas estão três babás da família, duas domésticas e uma funcionária da empresa do genro de Paulo. Segundo o MPF, essas funcionárias receberam apartamentos da CDHU no valor de R$ 62 mil na época.

O segundo fato narrado na denúncia trata dos desvios de apartamentos e indenizações, nos anos de 2009 e 2010, para parentes e pessoas ligadas à ex-funcionária da Dersa, o que resultou no pagamento de indenizações no total de R$ 955 mil, em valores sem juros e correção. 

O terceiro e último fato envolve Souza, Vilela e a ex-funcionária que decidiu colaborar com a Justiça. Foram 1.773 pagamentos indevidos de indenizações irregulares para falsos desalojados pelo prolongamento da avenida Jacu Pêssego, que foram cadastrados como se fossem moradores das áreas Vila Iracema, Jardim São Francisco e Jardim Oratório, causando um prejuízo de R$ 6,3 milhões em valores da época.

O repasse de bens foi tamanho, que quando a juíza Gabriela Hardt ordenou o bloqueio de R$ 100 milhões dele, o Banco Central só encontrou R$ 396,75. Situação como esta já havia acontecido em 2018, quando ele foi alvo de bloqueio na Justiça de São Paulo.

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Paulo Preto  é engenheiro e foi responsável por grandes obras nos governos tucanos de São Paulo, como o Rodoanel. Ele é ex-diretor da Dersa, onde atuou de 2005 a 2010, nos governos de Geraldo Alckmin (PSDB), Cláudio Lembo (DEM) e José Serra (PSDB).

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