Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, criou uma empresa para absorver seu patrimônio em imóveis e uma lancha. Investigadores da operação Lava Jato acreditam que essa seja uma manobra para blindar seus bens pessoais de possíveis confiscos determinados pela Justiça.
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Paulo Preto é apontado pela Lava Jato como o operador da Odebrecht de políticos do PSDB em São Paulo.Em 2014, mesmo ano de início da operação da Polícia Federal, ele fundou junto com a ex-esposa, Ruth Arana, a P3T Empreendimentos, empresa que absorveu seu patrimônio.
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo , apenas dois meses depois do início oficial das atividades da P3T, a empresa passou por uma redistribuição de capital. Além disso, na mesma época duas filhas de Paulo e Ruth, Priscilla e Tatiana Arana Souza, entraram para o quadro de sócios. Hoje, cada filha tem participação de R$ 1,9 milhão, restando aos pais apenas a quantia simbólica de R$ 100. Paulo Preto, no entanto, consta como administrador e declarou à Justiça que recebe R$ 2.000 mensais pela atividade.
Ainda na mesma época, logo após a fundação, pelo menos quatro imóveis do engenheiro e da ex-mulher, adquiridos após a entrada dele na Dersa e avaliados em R$ 3,4 milhões, foram assumidos pela empresa. A P3T também é proprietária do apartamento onde Paulo morava antes de ser preso, em bairro nobre de São Paulo. O imóvel é avaliado em cerca de R$ 5 milhões.
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Além dos imóveis, a P3T também é dona de uma lancha Volvo que foi alvo de buscas no Guarujá na semana passada. Nos registros da embarcação, Paulo Vieira de Souza consta como proprietário anterior.
O repasse de bens foi tamanho, que quando a juíza Gabriela Hardt ordenou o bloqueio de R$ 100 milhões dele, o Banco Central só encontrou R$ 396,75. Situação como esta já havia acontecido em 2018, quando ele foi alvo de bloqueio na Justiça de São Paulo.
A Folha de S.Paulo procurou a defesa de Paulo Preto, mas não obteve resposta sobre a questão da transferência do patrimônio.
Paulo Preto é engenheiro e foi responsável por grandes obras nos governos tucanos de São Paulo, como o Rodoanel. Ele é ex-diretor da Dersa (estatal paulista de obras viárias), onde atuou de 2005 a 2010, nos governos de Geraldo Alckmin (PSDB), Cláudio Lembo (DEM) e José Serra (PSDB). Paulo Preto é alvo da Lava Jato e está preso desde a última terça (19).