A força-tarefa de procuradores que atuam na Operação Lava Jato em São Paulo pediu à Justiça mais de 80 anos de prisão ao ex-diretor da Dersa (estatal paulista de infraestrutura rodoviária) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto .
O pedido de condenação feito pela Lava Jato consta das alegações finais da acusação a respeito de ação que trata de desvios de mais de R$ 7 milhões que deveriam ser aplicados na indenização de moradores impactados pelas obras do entorno do trecho sul do Rodoanel e da ampliação da avenida Jacu Pêssego.
No documento, o MPF argumenta que Paulo Preto deve receber pena “em patamar próximo ou equivalente ao máximo” por seus crimes. O ex-diretor da Dersa é apontado pela força-tarefa de procuradores como líder do esquema e acusado pelos crimes de peculato (desvio de recursos públicos), inserção de dados falsos em sistema de informação e formação de quadrilha.
Além do ex-diretor da Dersa , o MPF pediu também condenação para José Geraldo Casas Vilela, ex-chefe do departamento de assentamento da estatal, e da psicanalista Tatiana Arana de Souza Cremonini, filha de Paulo Preto, por um dos fatos criminosos apontados na denúncia.
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Os procuradores apontam três supostos fatos criminosos envolvendo políticas da Dersa. O primeiro evento se deu entre 2009 e 2011 e trata da inclusão de seis empregadas da família de Paulo e de sua filha Tatiana no programa de reassentamento do trecho sul do Rodoanel Mário Covas. Entre as beneficiadas estão três babás da família, duas domésticas e uma funcionária da empresa do genro de Paulo. Segundo o MPF, essas funcionárias receberam apartamentos da CDHU no valor de R$ 62 mil na época.
O segundo fato narrado na denúncia trata dos desvios de apartamentos e indenizações, nos anos de 2009 e 2010, para parentes e pessoas ligadas à ex-funcionária da Dersa, o que resultou no pagamento de indenizações no total de R$ 955 mil, em valores sem juros e correção.
O terceiro e último fato envolve Souza, Vilela e a ex-funcionária que decidiu colaborar com a Justiça. Foram 1.773 pagamentos indevidos de indenizações irregulares para falsos desalojados pelo prolongamento da avenida Jacu Pêssego, que foram cadastrados como se fossem moradores das áreas Vila Iracema, Jardim São Francisco e Jardim Oratório, causando um prejuízo de R$ 6,3 milhões em valores da época.
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As alegações finais da força-tarefa da Lava Jato
em SP foram entregues à juíza federal titular da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Maria Isabel do Prado, que abriu prazo para as defesas apresentarem seus memoriais.