O ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Agostinho Moraes da Silva, afirmou que repassava cerca de 60% de seu salário para Fabrício Queiroz, outro ex-assessor do agora senador. O depoimento foi dado aos promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro que investigam movimentações financeiras suspeitas feitas por Queiroz, conforme identificou relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
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A testemunha, primeira ouvida no caso, afirmou que todos os meses repassava R$ 4 mil dos R$ 6 mil que recebia como seu salário na Alerj para Fabrício Queiroz . Agostinho disse que este dinheiro era aplicado em compras e vendas de veículos mediadas pelo “amigo” Queiroz e que os rendimentos, ao final de meses, eram maiores do que o que ganharia se aplicasse em fundos de investimentos de banco.
O ex-assessor apontou que recebia um lucro mensal de 18% das mãos de Queiroz. Na época, ambos trabalhavam no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj. Os repasses nunca foram declarados à Receita Federal.
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O caso Queiroz nasceu graças a uma investigação iniciada com a Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, que analisa a ação de deputados estaduais da Assembleia Legislativa (Alerj) em contratos.
Segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão responsável por identificar movimentações financeiras, Queiroz, ex-assessor parlamentar de Flávio Nantes Bolsonaro (PSL), recebia sistematicamente transferências bancárias e depósitos feitos por oito funcionários que trabalharam ou ainda trabalham no gabinete do deputado na Alerj. Os valores suspeitos giram em torno de R$ 1,2 milhão. O Ministério Público quer esclarecer essas movimentações.
Entre as movimentações financeiras atípicas registradas pelo Coaf, há também a compensação de um cheque de R$ 24 mil pago à primeira-dama, Michelle Bolsonaro, além de saques fracionados em espécie no mesmo valor dos depósitos suspeitos feitos nas respectivas vésperas.
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Em meio à polêmica, o próprio Flávio Bolsonaro e os familiares de Fabrício Queiroz , entre eles sua esposa, Marcia Aguiar Queiroz, e suas duas filhas, Evelyn Queiroz e a própria Nathalia Queiroz, também foram convidados pelo Ministério Público a prestarem depoimento, mas não compareceram.