O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, pediu nesta segunda-feira (28) que a Embaixada do Brasil em Israel seja mantida em TelAviv, e não transferida para Jerusalém. O tema está em discussão no governo federal.
A mudança da embaixada para Jerusalém é uma promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, disse que a definição é praticamente certa.
“[O assunto] será estudado pelas altas autoridades brasileiras, e esperamos que não aconteça. Isso está em discussão, em discussão muito longa”, disse o palestino após uma reunião com o presidente da República em exercício, Hamilton Mourão. Para o embaixador, a transferência pode ser “danosa”. “Isso vai ser danoso para israelenses, para palestinos, para o Brasil, para o mundo inteiro, para a paz. Assim, esperamos que não aconteça.”
O embaixador palestino também convidou Mourão e Bolsonaro para visitarem a Palestina e rezarem, todos juntos, pela paz entre palestinos e Israelenses. Ao visitar o Brasil no mês passado , o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou ter recebido de Bolsonaro a garantia de que a mudança será concretizada.
A cidade de Jerusalém está no centro de confrontos e disputas entre palestinos e israelenses, pois ambos reivindicam o local como sagrado. Para evitar o agravamento da situação, os países consideram Tel Aviv como a capital administrativa de Israel onde ficam as representações diplomáticas internacionais.
Na conversa com Mourão, Alzeben expressou seu desejo de uma recuperação rápida ao presidente da República, que se submeteu a uma cirurgia no dia de hoje.
O embaixador palestino também entregou uma carta de condolências pelo desastre ambiental em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte há três dias.
“Entregamos uma carta de condolências para o presidente e para o povo do Brasil. Tivemos uma conversa sobre relações bilaterais entre Brasil e palestina e saímos muito satisfeitos de que as boas relações continuarão entre Palestina e Brasil, respeitando essa tradição brasileira ao longo dos 70 anos”, afirmou Alzeben.
O Brasil reconhece a Palestina como Estado desde 1947, época que Eugênio Gaspar Dutra era presidente. Desde então a posição não foi alterada, apesar das declarações de Bolsonaro na campanha eleitoral.
No último dia 23, Mourão negou que o Brasil fechará a sua embaixada na Palestina. O vice de Bolsonaro garantiu que nada mudará na relação entre os dois países, independente das decisões tomadas a respeito de Israel. "A relação com Israel não muda nada disso. Os dois Estados são reconhecidos, o resto tudo é retórica e ilação", disse Mourão.