A situação do ex-ativista italiano Cesare Battisti, de 63 anos, foi discutida nesta segunda-feira (6) entre o presidente eleito Jair Bolsonaro e o embaixador da Itália, Antonio Bernardini. Condenado na Itália por terrorismo e quatro assassinatos, Battisti vive em São Paulo. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro disse que pretendia extraditá-lo, como deseja o governo da Itália .
“O caso de Cesare Battisti é muito claro. A Itália está pedindo a extradição. O caso está sendo discutido agora no Supremo Tribunal Federal. Esperamos que o Supremo tome uma decisão no tempo mais curto possível”, disse o embaixador.
Após a vitória de Bolsonaro, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse que o presidente eleito mantém a determinação em favor da extradição de Battisti. No fim de semana, o italiano disse que confia nas instituições brasileiras.
No encontro com Bolsonaro , o embaixador entregou uma carta enviada pelo presidente da Itália, Sergio Mattarella. O diplomata lembrou que o presidente eleito é de origem italiana e que ambos tiveram uma conversa “muito simpática”.
“Nós temos uma presença no Brasil que é histórica. Claro que a perspectiva para o futuro é aumentar essa presença italiana no Brasil”, disse o embaixador.
Cesare Battisti diz confiar no STF
No domingo (4), Battisti declarou que confia nas instituições democráticas do Brasil e que não tem intenção de fugir do País. O ex-guerrilheiro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), um braço das Brigadas Vermelhas, disse que não "tem razões" para fugir de São Paulo, onde vive atualmente, já que "está amparado pelo Supremo Tribunal Federal".
"Reafirmo minha confiança nas instituições democráticas brasileiras, que desde que me encontro aqui garantiram o pleno funcionamento do Estado de Direito. Estado de Direito este que no presente momento faltou em minha ex-pátria, a Itália", afirmou.
Depois de fugir da Itália , Battisti passou 30 anos também como fugitivo entre o México e a França e, em 2004, conseguiu entrar no Brasil, onde permaneceu escondido durante três anos, até ser detido em 2007.
Em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a extradição do italiano em uma decisão não vinculativa, que dava a palavra final ao então chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva. Lula rejeitou a decisão em 31 de dezembro de 2010, o último dia de seu mandato.
No entanto, com a entrada de Michel Temer no poder, a Itália apresentou um novo pedido de extradição, que foi aceito pelo governo. Cesare Battisti , contudo, conta com uma liminar em seu favor do ministro do STF, Luiz Fux, relator do processo, que tem o poder de julgar se Temer pode reverter à decisão de Lula.