A vitória eleitoral de Jair Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Haddad (PT) também foi notícia no mundo todo na segunda-feira (29) . Entre comentários da imprensa internacional sobre Bolsonaro como o novo presidente do Brasil, se destacam as comparações do ex-militar com Donald Trump e a vitória da “extrema-direita”.
Uma das reportagens produzidas pela imprensa internacional sobre Bolsonaro , publicada no periódico americano Washington Post , coloca o Brasil na lista crescente de países onde “nacionalistas de direita ferrenhos alcançaram a vitória nas urnas”, colocando o País ao lado de Estados Unidos, Hungria e Filipinas.
“Bolsonaro fez uma campanha no ‘estilo Trump’, que fez uso pesado das mídias sociais e prometeu renegociar os acordos de troca de informações, colocar a economia antes da preservação do meio ambiente e dar um forte impulso ao combate ao crime. Ele demonizou os opositores e polarizou a nação com sua história de rebaixar mulheres, gays e minorias”, afirmou a publicação.
O site americano CNN também associa a figura do capitão à do presidente norte-americano, chamando-o de “Trump do Brasil”, e ainda afirma que a “vitória de Jair Bolsonar o sobre Fernando Haddad, um ex-prefeito de esquerda de São Paulo, encerra uma das campanhas políticas mais polarizadoras e violentas da história do Brasil. A recessão prolongada, a crescente insegurança e um maciço escândalo de corrupção que abalou as instituições políticas e financeiras estavam entre as muitas questões consideradas pelos eleitores.”
De acordo com o próprio capitão da reserva do Exército, ele recebeu ligação de Trump
no início da noite de domingo (28) para parabenizá-lo pela "eleição histórica".
"Recebemos há pouco ligação de Trump", anunciou Bolsonaro por meio de suas redes sociais. "Manifestamos o desejo de aproximar ainda mais estas duas grande nações e avançarmos no caminho da liberdade e da prosperidade!", complementou.
Também pelas redes sociais, chegou a mensagem do presidente da Argentina, Mauricio Macri. "Parabéns a Jair Bolsonaro pelo triunfo no Brasil! Desejo que logo trabalhemos juntos para a relação entre nossos países e pelo bem-estar de argentinos e brasileiros", escreveu o presidente argentino.
O The New York Times é outro veículo que cita a extrema-direita como uma das mudanças no Brasil, ao eleger “um populista estridente como presidente, na mudança política mais radical do país desde que a democracia foi restaurada há mais de 30 anos”.
“O novo presidente, Jair Bolsonaro, exaltou a ditadura militar do país, defendeu a tortura e ameaçou destruir, prender ou exilar seus oponentes políticos. Ele conquistou um profundo ressentimento no status quo no Brasil - um país assolado pelo aumento do crime e dois anos de turbulência política e econômica - e apresentou-se como a alternativa”, afirmou a publicação.
Para a revista The Economist , o PT colaborou para o crescimento do PSL no País devido aos escândalos de corrupção e desejo de se manter no poder, além da depressão econômica nos últimos anos, ocorrida quando o partido estava no poder.
A publicação começa com a frase: “Os brasileiros fizram uma péssima escolha”, e aponta que Bolsonaro como um “apoiador de ditadores e de armas, que incita a polícia a matar suspeitos, que ameaça banir oponentes e diminui as mulheres, os negros e os gays”.
O argentino Clarín coloca as propostas de Bolsonaro e como ele deverá organizar o governo. O jornal ainda aponta o novo presidente como parte do “fenômeno do populismo da direita global”, com a missão de “salvar o país”.
O fim de uma era do PT foi citado em uma análise do espanhol El País , que coloca a “vitória da extrema-direita” na manchete. “Os anos dourados do Partido dos Trabalhadores, uma referência para a esquerda de toda América Latina, parecem agora soterrados debaixo da vitória de um candidato que mais diferente impossível: Jair Bolsonaro.”
A apuração dos votos das eleições no Brasil foi acompanhada pelo britânico The Guardian em tempo real. O jornal fez uma matéria entrevistando brasileiros e relatou as comemorações sobre a vitória de Bolsonaro.
A frase de um estudante de fisioterapia de 40 anos, que afirmou ter agora o “presidente que sempre esperamos, que teme a Deus e é genuinamente de direita” foi destacada, enquanto a derrota para brasileiros progressistas deixou milhões “profundamente perturbados e com medo da intolerância que vai tomar o país”.
Para o italiano Corriere della Sera , essa foi uma “reviravolta conservadora”, destacando os esforços da campanha de Haddad para remover a ligação com o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, condenado por corrupção.
“Toda a mobilização ocorreu com o grito de ‘ele não!’. O slogan que tentou, em vão, evitar um passo gigante para trás com a eleição de Bolsonaro, especialmente no que diz respeito aos direitos civis. E, segundo alguns, com alguns riscos que não devem ser subestimados pela democracia”, afirmou a publicação.
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Boa parte das publicações da imprensa internacional sobre Bolsonaro se dedicaram a explicar aos leitores detalhes sobre a figura do novo presidente do Brasil, desde sua formação militar, passando por suas falas polêmicas, polarização do país, até também como a vitória do capitão é um reflexo da insatisfação generalizada com o PT.