O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, criticou políticas afirmativas e disse que o Brasil não precisa ter ações do governo para o combate ao bullying e ao preconceito racial. As declarações nas quais Bolsonaro critica cotas foram dadas na noite dessa terça-feira (23) em entrevista à TV Cidade Verde
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no Piauí.
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Bolsonaro critica cotas sob a justificativa de que essa política, considerada por ele "totalmente equivocada", refoça o "coitadismo" e o preconceito no Brasil. "Reforçam, sem a menor dúvida [o preconceito]. Por exemplo, a política de cotas no Brasil está totalmente equivocada. [...] Isso tudo é maneira de dividir a sociedade. Não devemos ter classes especiais, por questão de cor de pele, por questão de opção sexual, por região, seja lá o que for. Nós somos todos iguais perante a lei. Somos um só povo", avaliou o candidato.
O ex-capitão da Reserva acrescentou que é preciso "acabar com isso" e citou o ator norte-americano Morgan Freeman para defender que a melhor forma de combater o racismo é "não tocando no assunto". “Tudo é coitadismo. Não pode ter política para isso. Coitado do negro, do gay, das mulheres, do nordestino, do piauiense, tudo é coitadismo no Brasil. Iisso não pode continuar acontecendo”, disse. “Vocês [do Piauí] são tão iguais quanto nós do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.”
Bolsonaro defendeu a transformação das políticas de cotas existentes hoje no País para o modelo de “cota social”, com base na renda. Sem detalhar a proposta, o candidato se limitou a dizer que as diferenças por orientação sexual ou etnia não devem prevalecer na definição de cotas. “Quem se dedicar pelo mérito, logicamente, terá vida mais tranquila do que aquele que não se dedicou no seu tempo de jovem.”
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Bolsonaro critica cotas e diz que sua vida "está em risco"
O candidato do PSL também disse na entrevista à emissora piauiense que, caso eleito, não fará distinção entre governadores que o apoiaram na campanha eleitoral e os que pertencem à oposição. Ele citou nominalmente os governadores eleitos, no primeiro turno, do Piauí, Wellington Dias (PT), e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Segundo ele, sua gestão vai adotar uma política com os estados diferente da executada pelos últimos governos federais.
“Menos Brasília, mais Brasil. Tudo que pudermos mandar de mais recursos para os estados e municípios nós vamos mandar. Vamos tratar todos os estados de forma republicana. Estamos prontos para conversar.”
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O candidato voltou a dizer que, após o ataque à faca que sofreu em setembro, mudou o ritmo de campanha para preservar a própria saúde. “Logicamente, não posso mais fazer o que vocês viram no Brasil, de cair nos braços do povo, porque minha vida está em risco”, disse na mesma entrevista em que Bolsonaro critica cotas .
*Com informações e reportagem da Agência Brasil