O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso veio a público, por meio de uma carta aberta, alertar os eleitores sobre os riscos à democracia que o pleito de outubro pode representar. A missiva, naturalmente, aponta como alternativa o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin. Para os aliados do ex-governador de São Paulo, contudo, a carta de FHC mais atrapalha a candidatura do que ajuda.
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Para o ex-presidente, urge que o “centro democrático” se aglutine em torno de uma candidatura que derrote Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. A avaliação de tucanos e integrantes do “centrão” – conjunto de partidos conservadores que apoia formalmente Alckmin -, no entanto, é de que a carta de FHC constrange candidaturas como as de Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB), sugerindo que elas devem aderir ao candidato do PSDB.
O movimento, como era possível prever, não aconteceu: Alckmin patina nas pesquisas, e tanto Marina quanto Dias podem argumentar que é o ex-governador paulista quem deve aderir a uma das duas campanhas.
“Somente um clamor da sociedade levaria a essa união”, avaliou ACM Neto, um dos aliados de Alckmin . “Esse tipo de união não pode partir dos partidos políticos”, concluiu, em entrevista ao jornal O Globo .
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Ricardo Barros (PP), ex-ministro de Temer, vai na mesma linha, também ao Globo . “É uma campanha muito diferente. Defendo que cada um possa caminhar conforme a realidade de cada estado”, disse, justificando o fato de que muitos aliados formais de Alckmin apoiem, no Nordeste e no Sul, as candidaturas de Haddad ou Bolsonaro.
Lincoln Portela (PR) foi mais direto. “O FHC, pela história dele, tem o direito de falar o que quiser. Mas a gente já sabia que o centro estava esfarelando. E fragilizou o Alckmin, que está desidratando”, disse, ainda ao Globo .
Jovair Avantes (PTB) foi o mais duro entre os entrevistados do centrão que avaliou o impacto da carta de FHC . “O Fernando Henrique está em outro tempo, as coisas mudaram no Brasil. Acho que atrapalha um pouco. Acredito que a possibilidade seria liberar, para cada um apoiar quem quiser”, disse o deputado, um dos apoiadores de Bolsonaro.
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