O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) publicou um artigo no jornal inglês Financial Times rebatendo as afirmações feitas pelo seu sucessor na Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que publicou um texto na semana passada no The New York Times .
“É uma grave distorção da realidade, no entanto, dizer que há uma campanha direcionada no Brasil para perseguir indivíduos específicos. Meu país merece mais respeito”, escreveu FHC em resposta ao petista.
No texto de Lula , ele condena sua prisão pela Operação Lava Jato, e ainda afirma que há um golpe de direita em andamento no Brasil para impedi-lo de participar das eleições deste ano.
Para FHC, Lula retrata o país como “democracia em ruínas”, cuja a lei é usada de maneira arbitrária para minar o petista e seu partido, o que, para o tucano, não procede. “A maneira como Lula da Silva escolheu se defender para o mundo, contudo, precisa ser confrontada. Em um artigo recente ele apresentou uma versão da história recente do Brasil que não tem relação com a realidade. Isso seria um problema para os historiadores, não fosse ele o influente político que ele é”, escreveu.
Em outro trecho, Fernando Henrique Cardoso se defende e responde à declaração de Lula sobre a situação brasileira em 2003, quando estava sob o comando do País.
“Também não é verdade, como Lula afirma, que o Brasil não tinha direção antes de ele assumir a Presidência, em 2003. É preciso lembrar que a estabilização depois de anos de hiperinflação começou com o Plano Real, lançado pelo ex-presidente Itamar Franco, e continuou no meu governo. Esse também foi um período marcado pelo estabelecimento de programas de bem-estar social que Lula posteriormente iria expandir”, ressaltou.
O ex-presidente tucano ainda diz que a visão de Lula “é uma versão peculiar das últimas décadas da história do Brasil, na qual ele, às vezes, aparece como o salvador do povo e, às vezes, como vítima de uma conspiração de ‘elite’”.
FHC também lembra que o petista não é o único político preso, e que já outros de todos os partidos, incluindo o PSDB, na cadeia. Segundo o tucano, a situação do petista está dentro de um entendimento em vigor no país, de que pessoas condenadas em segunda instância começam a cumprir pena, sem perderem o direito de recorrer às cortes superiores.
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Antes de FHC, Lula publica texto no NYT
Direto de Curitiba, mais especificamente da cadeia, na Superintendência da Polícia Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que 'não quer impunidade, mas democracia'. Além disso, o petista falou que, devido sua prisão, o tempo está correndo contra esse sistema político no Brasil.
As declarações de Lula sobre a democracia e sobre a sua situação atual foram dadas por meio de um artigo, publicado na edição do dia 14 deste mês, do jornal New York Times – um dos mais populares veículos impressos do mundo, sediado nos Estados Unidos. O texto também está publicado na edição online do jornal.
O texto de Lula começa com uma contextualização a respeito da situação política e econômica do Brasil há 16 anos, em 2002, antes do seu primeiro mandato como presidente da República. Segundo ele, o 'futuro do Brasil era incerto' e o Partido dos Trabalhadores só ganharam as eleições por ter 'oferecido esperança ao povo brasileiro'.
"Tornei-me o primeiro líder trabalhista a ser eleito presidente do Brasil . Inicialmente, os mercados se abalaram, mas o crescimento econômico que se seguiu os deixou seguros", conta ele. E ressalta: "nos meus dois mandatos, o salário mínimo aumentou 50%. Nosso programa Bolsa Família [...] ganhou renome internacional. Nós provamos que combater a pobreza era uma boa política econômica".
Porém, segundo o ex-presidente petista, o progresso brasileiro foi interrompido com o que o PT chama de golpe de 2016, que resultou no impeachmente da ex-presidente Dilma Rousseff e em sua prisão. "Meu encarceramento foi a última fase de um golpe em câmera lenta destinado a marginalizar permanentemente as forças progressistas no Brasil", afirma.
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"Pretende-se impedir que o Partido dos Trabalhadores seja novamente eleito para a Presidência. Com todas as pesquisas mostrando que eu venceria facilmente as eleições de outubro, a extrema direita do Brasil está tentando me tirar da disputa", continua.
"Minha condenação e prisão são baseadas somente no testemunho de uma pessoa cuja própria sentença foi reduzida em troca do que ele disse contra mim. Em outras palavras, era do seu interesse pessoal dizer às autoridades o que elas queriam ouvir", denuncia Lula, que chama o juiz federal Sérgio Moro de "intocável".
"A verdadeira questão não é o Sr. Moro; são aqueles que o elevaram a esse status de intocável: elites de direita, neoliberais, que sempre se opuseram à nossa luta por maior justiça social e igualdade no Brasil", diz.
Por fim, Lula escreve que não se preocupa consigo mesmo, pois já esteve preso antes, na época da ditadura no Brasil. Porém, o ex-presidente diz mais uma vez que gostaria de ser julgado nas urnas, de uma forma 'justa e imparcial'.
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"Eu peço respeito pela democracia . Se eles querem me derrotar de verdade, façam nas eleições. Segundo a Constituição brasileira, o poder vem do povo, que elege seus representantes. Então deixe o povo brasileiro decidir", encerra o petista em texto respondido por FHC nesta terça-feira.