Mariana (à esquerda) com a irmã Mary Helen
Reprodução/Arquivo pessoal
Mariana (à esquerda) com a irmã Mary Helen

Presa na Tailândia no último dia 13 com outros dois brasileiros com 15,5 quilos de cocaína, Mary Helen Coelho da Silva, de 22 anos, viajou para o país com um homem que conheceu numa rede social. Segundo a irmã dela, a estudante de Enfermagem Mariana Coelho, de 27 anos, a jovem contou que iria de Pouso Alebre, em Minas Gerais, para Curitiba, no Paraná, conhecê-lo e falou que "iria passear", mas não falou nada sobre a viagem internacional:

— Ela falou que ia para Curitiba encontrar com ele, que ele era gente fina. Eu falei para ela não ir, para ficar aqui mesmo. Mas ela quis ir. Da Tailândia, só soube quando ela foi presa.

Após ser detida no aeroporto, Mary Helen enviou um áudio para a irmã, pedindo para que ela procurasse um advogado. "Olha aqui, eu vou te passar o contato do doutor (...). Por favor, liga para ele. Fala para ele fazer alguma coisa. Fala para ele mandar a gente para o Brasil, para a gente responder lá", disse, chorando.

Num outro áudio, enviado a um advogado, a jovem pede que seja feito um contato com a embaixada: "Tchau doutor (...), fique com Deus, muito obrigada, viu? Manda um beijo para a minha irmã, fala para ela que eu amo meus sobrinhos, eu amo ela, para eles não ficarem preocupados. Só me ajudar. Está bom? Tentar falar com a embaixada brasileira para fazer contato aqui, está bom?".

Mariana disse que nenhum dos advogados citados nas conversas — os nomes foram omitidos a pedido dela — aceitou o caso de Mary Helen. A estudante de Enfermagem tem tentado obter ajuda para que a irmã seja julgada no Brasil, já que na Tailândia, o tráfico de drogas pode ser punido com pena de morte:

— A gente quer ajuda. Alguma ONG, algum advogado de renome, alguma autoridade, o Itamaraty. Esse caso tem que chegar à Presidência da República. Se ela errou ela tem que pagar, mas com prisão, no país dela. Não pena de morte. Ela é uma jovem de 22 anos, meu Deus! Ela foi induzida a viajar. Não sabia do risco. Eu soube que esse homem já tinha viajado para a Tailândia uma vez antes.

De acordo com Mariana, Mary Helen trabalhava de domingo a domingo como balconista numa lanchonete:

— Ela é trabalhadeira. Depois que tudo aconteceu, soube que ela tinha pedido as contas lá antes de viajar para Curitiba.

A estudante de Enfermagem contou que as duas eram próximas.

— Ela vinha sempre aqui em casa, trazia roupa para lavar. Nossa mãe tem câncer terminal, chegou a ficar internada quando soube da prisão, mas já teve alta — disse Mariana.

O que diz o Itamaraty

Procurado pelo GLOBO, o Itamaraty afirmou que está acompanhando a situação de Mary Helen, que se encontra numa prisão em Bangkok:

"O Itamaraty, por meio da Embaixada em Bangkok, acompanha a situação e presta toda a assistência cabível aos nacionais , em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local.

Em observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, informações detalhadas poderão ser repassadas somente mediante autorização dos envolvidos. Assim, o MRE não poderá fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros".

Brasileiros executados na Indonésia

Em abril de 2015, o brasileiro Rodrigo Gularte, de 42 anos, foi executado por um pelotão de fuzilamento na Indonésia. Ele havia sido condenado à morte por tráfico de drogas. Natural do Paraná, Gularte foi preso em julho de 2004, após tentar entrar no país com seis quilos de cocaína.

Ele foi o segundo brasileiro executado na Indonésia naquele ano. Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, que também cumpria pena por tráfico de drogas, foi fuzilado em janeiro.

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