A viúva de Yago Macedo, de 21 anos, morto por um policial militar na estação das barcas de Niterói no fim da manhã desta segunda-feira , prestou depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), que investiga o caso. Taís Conceição de Oliveira Santos foi ouvida na companhia do filho, enteado de Yago, que estava com o rapaz no momento em que ele foi baleado. A família afirma que Yago é vendedor de balas e estava trabalhando no local. O sargento Carlos Arnaud Silva Júnior, que está depondo na DHNSGI.
— Ele só desceu para trabalhar, como fazia todos os dias. Estava com uma caixa de balas na mão. Não sabia que hoje em dia a gente oferecer bala era um crime. A gente está só trabalhando. Se o ser humano não quer doce, é só não comprar. Um homem sacar uma arma e tirar a vida de um pai de família desnecessariamente? Em que mundo a gente está vivendo? — afirmou Taís, muito emocionada, ao deixar a delegacia por volta das 16h.
Já o sargento alega que abriu fogo para evitar uma tentativa de assalto. De acordo com a Polícia Militar, o agente presta depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói sobre o caso junto de outro homem que seria a vítima do assalto.
"O militar tentou intervir na ação e um dos envolvidos teria investido contra sua integridade, sendo atingido por disparo de arma de fogo. O ferido não resistiu. O policial que participou da ação está com um homem, que seria a vítima da tentativa de roubo, prestando depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. A 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) já foi acionada e acompanha o caso," diz em nota a corporação.
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Enquanto a mulher desabafava, outros amigos e parentes de Yago que a acompanhavam mostravam a embalagem de doces que o rapaz estaria segurando quando foi morto. Vendedores chegaram a fazer um protesto em frente às barcas, que já foi dissipado. Duas pessoas foram presas e levadas para a DHNSGI.
— Meu filho que estava com ele contou que a única coisa que o Yago fez foi oferecer uma bala para o moço. A pessoa não quis, e ele falou: “Tá bom, você não é obrigado a comprar”. E o outro já veio dando tapa no peito, agredindo. Em momento algum meu marido reagiu ou foi pra cima. Quando viu a arma, ele só perguntou: “Você vai me dar um tiro à toa?”. E ele fez isso, atirou no peito, pra matar. No meio de um monte de testemunha — relatou Taís.
Ainda de acordo com a viúva, Yago tinha saído de casa com um objetivo especial nesta segunda-feira: conseguir um dinheiro extra para a filha do casal, que completa 2 anos no próximo fim de semana. Com muito esforço, a família vinha preparando uma festa para a criança.
— É uma covardia. Ele só queria comprar as coisinhas para a filha dele, e agora não vai voltar mais. Ficou estirado no chão. Nossa menina vai completar 2 anos sem pai — lamentou Taís, antes de continuar: — Eu só quero que a justiça seja feita. Que esse homem seja punido, que ele seja preso, em vez de ficar andando pra lá e pra cá que nem quando eu cheguei na delegacia.