A viúva do corretor Leandro Rodrigues da Matta, morto por um tiro disparado por um PM quando entregava uma cesta básica a um amigo, entregou uma carta agradecendo a policiais da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) pela investigação do crime. O inquérito da especializada concluiu que a vítima não disparou, e o PM Bruno Bahia do Espírito Santo foi indiciado pelo homicídio.
"Posso falar e mostrar para meu filho e filha que não só existem policiais que agem de forma errada, mas também policiais dignos de honrar seus distintivos, exercendo com humanidade e responsabilidade o seu papel que é proteger a sociedade", escreveu Ana Paula da Matta na carta.
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O crime aconteceu no dia 28 de abril, em Cordovil, na Zona Norte do Rio. Leandro, de 40 anos, tinha saído de casa para entregar uma cesta básica a um amigo que estava passando por dificuldades durante a pandemia de coronavírus.
O policial indiciado pelo homicídio estava em deslocamento, numa viatura, na Rua Barão de Melgaço, em direção à Rua Comandante Coelho, quando se depararam com o carro da vítima na contramão. Bruno Bahia desembarcou da viatura e disparou contra o veículo. Na ocasião, os PMs registraram o caso como morte por intervenção de agente do estado, alegando que reagiram a disparos realizados de dentro do veículo da vítima que, após ordem de parar, colidiu com um muro.
Houve contradição nos depoimentos apresentados pelos agentes. No primeiro depoimento à polícia, o PM Bruno disse que o motorista não obedeceu à ordem de parar e, então, um dos ocupantes desceu do veículo e atirou contra a viatura. Após o caso passar a ser investigado pela DHC, o PM prestou um novo depoimento e entrou em contradição. Ele disse que um dos bandidos atirou de dentro do carro contra a viatura, enquanto o motorista tentava fugir. Bruno alegou ainda que fez um único disparo com seu fuzil, para se defender.
O fuzil do PM Bruno foi apreendido e encaminhado para a perícia. O laudo cadavérico do IML apontou que Leandro morreu com dois fragmentos de bala no pescoço. Após quase dois meses de invetigações, análise de imagens de câmeras de segurançdo local, perícias e depoimentos, a DHC indiciou o PM.