"No começo, eu pensei que ia pagar o pato". Ainda assustado na porta da delegacia onde ficou detido por três dias até esta sexta-feira, Michael contou que estava em Avanhandava, cidade do interior de São Paulo a 400 quilômetros de São Bernardo do Campo quando policiais o prenderam. A acusação era de que ele era um dos envolvidos no assassinato de três pessoas de uma mesma família, semana passada, em um crime que choca o ABC paulista desde a semana passada.
Um casal e o filho de 16 anos foram mortos e tiveram os corpos carbonizados dentro de um carro abandonado numa estrada de terra na região. Ana Flávia Gonçalves, filha do casal, e sua namorada, Carina Ramos, confessaram ter planejado um assalto à casa da família. No meio da ação, os criminosos teriam decidido matar as vítimas.
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O nome de Michael chegou à investigação como uma estratégia de um dos verdadeiros envolvidos no caso. Juliano Ramos é primo de Carina e foi ele, logo depois de ser preso, quem disse que Michael era um de seus comparsas. Na verdade, Juliano tentou, de acordo com a polícia, incriminar Michael apenas para proteger Jonathan Ramos, também seu parente e um dos rapazes que o ajudaram a matar Flaviana Gonçalves, Romoyuki Gonçalves e o filho deles, Juan Victor. Jonathan já teve sua prisão decretada, mas está foragido.
Quando foi preso no início desta semana, Michael havia acabado de deixar a cadeia acusado pelo crime de receptação, num caso que não tem relação alguma com o crime do ABC. "Ele [Juliano] me disse que me colocou nessa e que ia me tirar agora. Eu sei que Deus tocou no coração dele, para ele dizer a verdade", afirmou ele, que conseguiu provar também que, no dia do crime, estava no interior de São Paulo. Recém-liberado, o rapaz pegou seus pertences e se preparava para voltar à cidade de Avanhandava.
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Até agora, a polícia prendeu Ana Flávia, Carina, Juliano e um outro rapaz chamado Guilherme, este sim um dos criminosos que participou do crime. Além do álibi de que não estava na cidade, apenas Juliano havia apontado Michael como um dos comparsas. Ana Flávia, Carina e Guilherme não tocaram no nome do rapaz em seus depoimentos.
"Para a maioria das pessoas, até ontem, eu era um monstro. Elas queriam saber o que eu tinha feito e porque eu tinha feito", disse.
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Já na terça-feira, delegados admitiram que o homem preso não estava parecido com a foto que a polícia possuía. Ainda assim, Michael diz ter medo de represália por ter sido ligado a um crime de repercussão.
Apesar dos três dias preso, ele não fez críticas aos policiais - que também arcaram com seu retorno para a cidade. Acompanhado da namorada e do filho, ainda bebê, também não pensa em entrar com um processo por danos morais. "Eles erraram, mas me pediram desculpas", disse.