
Os governos dos Estados Unidos e da Austrália assinaram, nesta segunda-feira (20), um acordo comercial para uma parceria entre os países na exploração de terras raras.
O documento, assinado por Donald Trump e o primeiro-ministro Anthony Albanese, foi divulgado oficialmente na terça-feira (21) e estabelece uma cooperação bilateral para fortalecer a exploração, o processamento e o fornecimento de minerais críticos, além do investimento na área militar.
"Nunca tivemos dúvidas sobre ter a Austrália como aliada, vamos levar esta relação para o próximo nível", disse Trump a repórteres após assinar o acordo e minutos antes de sua reunião com o premiê australiano.
Segundo o Departamento de Indústria, Ciência e Recursos da Austrália, o objetivo do acordo é "acelerar o fornecimento seguro de minerais críticos e terras raras essenciais para a produção de tecnologias avançadas e para a indústria de defesa".
O acordo prevê o uso de ferramentas de mineração e processamento já existentes, além do desenvolvimento de novas estruturas produtivas até 2026, com a facilitação de licenças ambientais, revisão de regras de segurança nacional e investimentos em reciclagem e reaproveitamento de resíduos minerais.
O texto cria o U.S.-Australia Critical Minerals Supply Security Response Group, liderado pelo secretário de Energia dos EUA e pelo ministro australiano dos Recursos, para identificar minerais prioritários e propor ações coordenadas de abastecimento.
A Casa Branca informou que os Estados Unidos investirão mais de US$ 3 bilhões (R$ 16 bi) em projetos do setor nos próximos seis meses. Entre os projetos previstos está a construção de uma refinaria de gálio de 100 toneladas por ano na Austrália, para a produção de semicondutores.
De acordo com Trump, em cerca de um ano os países terão "muito material de terras raras" . Ele também ressaltou que negociações com outros países sobre minérios críticos e equipamentos militares estão em andamento.
Albanese, por sua vez, acrescentou que o Japão deve participar do projeto, com aporte de US$ 1 bilhão (R$ 5 bi) nos próximos seis meses.
Investimento militar
Além do eixo mineral, o acordo inclui compras militares e cooperação tecnológica. A Austrália comprará US$ 1,2 bilhão (R$ 6,4 bi) em veículos submarinos não tripulados da Anduril e US$ 2,6 bilhões (R$ 13,9 bi) em helicópteros Apache.
Os governos também anunciaram projetos conjuntos de inteligência artificial, computação quântica e parcerias espaciais entre a Nasa e a Agência Espacial Australiana.
Domínio chinês incomoda Trump
As terras raras são minerais essenciais para a produção de semicondutores, veículos elétricos e equipamentos militares, e por isso são vistas como o "petróleo do século XXI" e muito cobiçadas pelas principais potências mundiais.
O acordo com a Austrália é uma das medidas adotadas pelo governo dos Estados Unidos para tentar reduzir a dependência em relação à China no mercado de minerais críticos.
A questão é que os EUA continuam longe de competir com o protagonismo chinês no setor, que concentra cerca de 90% da capacidade global de refino desses minerais, 69% da mineração e 98% da fabricação de ímãs utilizados em tecnologias avançadas.
O tema tem sido uma "pedra no sapato" de Trump, que já disse que não quer que a China de "brincar o jogo das terras raras" nas negociações comerciais. Segundo ele, Pequim utiliza seu domínio sobre o setor como instrumento de pressão política e econômica.