O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe após as eleições de 2022 foi classificado pelo The New York Times como um momento histórico para a democracia brasileira .
Segundo o jornal americano, a ação representa uma demonstração de que as instituições do país podem resistir a ameaças autoritárias, mesmo quando envolvem um ex-presidente.
O texto do NYT destaca que, se condenado, Bolsonaro poderá cumprir décadas de prisão. No entanto, a relevância do processo vai além da pena, pois evidencia a atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) para garantir a transição de poder.
O periódico aponta que o tribunal, nos últimos seis anos, assumiu poderes extraordinários para lidar com a ameaça representada por Bolsonaro, concedendo autoridade decisiva ao ministro Alexandre de Moraes.
Durante o governo Bolsonaro (2019-2022), o ex-presidente e seus apoiadores questionaram eleições, ameaçaram juízes e levantaram a possibilidade de um golpe militar, além de disseminar informações falsas pelas redes sociais, pontuou a revista.
O NYT observa que Moraes respondeu com operações, bloqueios de contas e prisões preventivas, medidas que, segundo o jornal, permitiram a transferência de poder mesmo diante da recusa de Bolsonaro em reconhecer a derrota eleitoral.
O periódico também destaca debates sobre os limites do Judiciário brasileiro.
A reportagem questiona se as ações do STF configuram um movimento autoritário ou se representam uma tentativa de lidar com ameaças autoritárias em um ambiente digital.
Juristas citados, como Walter Maierovitch, afirmam que erros cometidos não justificam a tentativa de golpe, mas não devem se repetir.
A repercussão internacional é abordada pelo NYT. O ex-presidente americano Donald Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pedindo a retirada das acusações contra Bolsonaro, classificando o processo como uma “caça às bruxas” e se identificando com o ex-presidente brasileiro.
Apesar das pressões externas, o texto indica que o governo e o Judiciário não foram enfraquecidos. Lula afirmou que o processo deve prosseguir sem interferência política, reforçando a confiança em Moraes e no STF.
O NYT apresenta ainda dados de pesquisa Quaest sobre a opinião pública: 46% apoiam o impeachment de Moraes, 43% são contra; 52% acreditam que Bolsonaro tentou um golpe, enquanto 36% discordam.
Revista diz que há provas contra Bolsonaro
O julgamento de Bolsonaro conta com provas reunidas ao longo de quase dois anos, segundo a revista.
O ex-presidente admitiu discutir formas de permanecer no poder, alegando que todas as alternativas estavam previstas na Constituição.
Para a condenação, três dos cinco ministros do painel devem votar a favor, resultado considerado provável pelo jornal, dada a composição da corte.
O periódico conclui que o processo representa um teste contínuo para a democracia brasileira, com implicações para as próximas eleições presidenciais.
Segundo o NYT, o STF foi forçado a atuar em áreas até então inéditas, enfrentando polarização política e influência digital, enquanto o país observa o equilíbrio entre proteção institucional e limites do poder judiciário.