Um grupo de javalis selvagens na Califórnia desenvolveu uma coloração azul intensa na carne após ingerir pesticidas contendo veneno de rato, e autoridades alertam que outros animais de caça comuns na região também podem estar infectados. As informações são do NY Post.
Os porcos selvagens no Condado de Monterey foram expostos a um tipo de isca pesticida contendo o anticoagulante rodenticida Diphacinone, um veneno que impede a coagulação do sangue e causa sangramentos internos, segundo o Departamento de Peixes e Vida Selvagem da Califórnia (CDFW, na sigla em inglês).
Os animais provavelmente consumiram o pesticida acidentalmente, seja ao comer iscas tingidas ou presas que já estavam contaminadas.
Os javalis californianos, um híbrido entre porcos domésticos e javalis selvagens, são onívoros e se alimentam de praticamente tudo (desde capim até pequenos animais, como ratos, segundo o CDFW).
A entidade alerta que qualquer animal, incluindo gansos e até ursos, pode ser contaminado.
O departamento informou que recebeu os primeiros relatos da coloração azulada nos intestinos dos javalis em março. No entanto, nem todos os animais contaminados apresentam a tonalidade, que varia conforme o tempo desde a ingestão do veneno.
“É algo selvagem. Não estou falando de um azul fraco. É azul neon, azul de mirtilo”, afirmou Dan Burton, dono da Urban Trapping Wildlife Control, que fez o primeiro relato sobre a carne com coloração incomum ao Los Angeles Times.
Segundo o CDFW, os porcos selvagens estão presentes em 56 dos 58 condados da Califórnia.
Um estudo de 2018 da Universidade de Nebraska revelou que resíduos de veneno de rato estavam presentes em mais de 8% das amostras de tecido de porcos selvagens coletadas em áreas próximas a zonas agrícolas e residenciais onde se usam pesticidas ou rodenticidas.
O mesmo estudo apontou que 83% dos tecidos de ursos analisados também estavam contaminados.
Pesticidas aplicados ao ar livre frequentemente escorrem após chuvas fortes ou aplicação inadequada e acabam atingindo corpos d’água próximos. A contaminação começa na vida aquática, mas segue em efeito dominó: predadores que consomem os peixes espalham os químicos pela cadeia alimentar.