O supermercado Urban Grocer, em Victoria, no Canadá, deixou de vender frutas e verduras cultivadas nos Estados Unidos há 117 dias, como forma de protesto às tarifas comerciais impostas pelo governo de Donald Trump ao país em março deste ano.
A decisão partiu da própria administração do mercado e vem sendo mantida com apoio dos consumidores, que passaram a encontrar mais produtos locais e de países como México, Peru, África do Sul, Egito e Nova Zelândia nas prateleiras.
Segundo Garth Green, gerente-geral do Urban Grocer, o plano inicial era reduzir a presença de produtos estadunidenses para menos de 20% do total.
“ Chegamos nesse patamar e pensamos: ‘podemos zerar’ ”, contou Green ao jornal canadense Global News.
Desde então, todos os alimentos cultivados nos EUA foram retirados do estoque. Em vez disso, o mercado passou a promover frutas e verduras canadenses, além de destacar a origem de cada produto para que os clientes comprem com mais confiança.
Clientes aprovam a adaptação
A medida não foi livre de dificuldades, especialmente em relação ao fornecimento.
“ A maior dificuldade é conseguir trazer os produtos. Estamos comprando mais do que normalmente compraríamos só para garantir que teremos à disposição ”, explicou Green.
Ainda assim, o resultado tem sido positivo. “ Tem sido muito, muito bom para nós. Os clientes têm sido muito receptivos ”, afirmou o gerente.
Tendência nacional
A estratégia adotada pelo Urban Grocer reflete um movimento que se espalha pelo Canadá.
De acordo com dados da consultoria NielsenIQ, as vendas de alimentos estadunidenses caíram cerca de 8,5% em volume no país.
Embora isso indique um boicote expressivo, não significa necessariamente que os produtores canadenses estejam lucrando mais, o espaço vem sendo ocupado por produtos de outras nações.
Para o gerente do mercado, a mudança veio para ficar. “ A tendência pode cair, mas vamos continuar firmes nisso. É possível fazer. Dá trabalho, mas vale muito a pena ”, explica Green.