Citrato de Fentanila, conhecido como Fentanil
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Citrato de Fentanila, conhecido como Fentanil

A investigação sobre um laboratório acusado de fabricar fentanil contaminado na Argentina revelou uma rede de proteção que envolvia políticos, juízes, empresários e até agentes públicos de fiscalização.O caso, que ganhou repercussão após mortes atribuídas ao medicamento, tem como alvo o grupo liderado pelos irmãos Ariel, Damián e Diego García Furfaro, responsáveis pelos laboratórios HLB Pharma, Ramallo e a distribuidora Alfarma. A informação é do site 'La Nación'.

Segundo as autoridades, o esquema operava há anos à sombra do poder. Inspeções eram evitadas, contratos com o Estado garantidos, e desvios de medicamentos para o mercado ilegal teriam sido facilitados com a ajuda de conexões políticas e judiciais. 

Ariel García, apontado como o articulador do grupo, usava sua influência para se aproximar de governadores, juízes e ministros. Por meio de promessas de investimento, como a instalação de fábricas em províncias como Chubut e Catamarca, ele se reuniu com o governador Ignacio Torres e com Raúl Jalil. Participava também de eventos e viagens com figuras do Judiciário, como seminários nos Estados Unidos com a presença de magistrados e procuradores argentinos.

A rede também alcançava a agência reguladora Anmat, responsável pelo controle de medicamentos no país. Uma ex-funcionária do órgão, Raquel Méndez, que também é esposa de um ex-ministro da Saúde, frequentava reuniões com o grupo. O advogado Gastón Marano, hoje defensor de Ariel García no caso do fentanil, já havia atuado como assessor legislativo e chegou a prestar serviços à própria Anmat.

Outro nome que aparece nas investigações é José María Olazagasti, ex-secretário do ex-ministro Julio De Vido e réu no caso dos “Cadernos da Corrupção”. Segundo fontes, ele negociava contratos de fornecimento de medicamentos com hospitais públicos em nome dos laboratórios do grupo.

A rede de influência alcançou também a prefeitura de José C. Paz, onde contratos públicos foram assinados com suspeita de sobrepreço. O advogado Sebastián Nanini, ligado ao prefeito Mario Ishii, aparecia como intermediário e chegou a surgir como suposto comprador dos laboratórios semanas antes do escândalo vir à tona.

Além dos contratos, a investigação apura o desaparecimento de parte da produção de opioides como o fentanil e a morfina, o que levanta suspeita de desvio para o mercado clandestino. Em um dos laboratórios, cerca de 24% da substância teria “sumido” do controle oficial.

Nos bastidores, o grupo também era ativo em campanhas eleitorais e doações. Ariel García emprestou a casa onde viveu Diego Maradona para eventos políticos e alugou o espaço, por valor simbólico, a candidatos ligados ao advogado Fernando Burlando. Também financiou a compra de veículos de comunicação, como rádios e sites de notícias, por meio de aliados.

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