
Negociadores russos entregaram a uma delegação da Ucrânia, nesta segunda-feira (2), um memorando com os termos de Moscou para um cessar-fogo total na guerra que já dura mais de três anos, entre eles a anexação de 20% do território ucraniano.
O encontro, que demorou menos de 1 hora, ocorreu em Istambul, no Ministério das Relações Exteriores da Turquia, país responsável pela mediação das negociações.
Segundo as agências estatais russas Tass, Interfax e RIA Novosti, as condições russas para um cessar-fogo definitivo no conflito delineadas no memorando incluem reconhecimento da Crimeia, Lugansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson, regiões ocupadas atualmente pelas tropas russas e que correspondem a 20% do território da Ucrânia, como território da Rússia.
Além disso, a Rússia impõe a retirada completa das tropas ucranianas desses territórios; a interrupção de fornecimento de armas e de inteligência do Ocidente à Ucrânia; eleições na Ucrânia; limitação do Exército ucraniano, tanto na quantidade de tropas quanto de armas, e a proibição da Ucrânia de ter armas nucleares e de abrigar esses armamentos em seu território.
Caso as exigências russas sejam cumpridas, o memorando prevê a assinatura de um acordo de paz, a extinção de todas as sanções econômicas existentes entre os dois países e a restauração das relações econômicas com a Ucrânia, incluindo o fluxo de gás.
A Ucrânia já se recusou a cumprir as mesmas demandas apresentadas pelos russos em negociações anteriores, intermediadas pelos Estados Unidos.
Na ocasião, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky disse que não abriria mão de territórios e continuaria reivindicando o direito de entrar para a Otan.
Troca de prisioneiros
As negociações em Istambul, no entanto, permitiram que as duas partes chegassem a um acordo sobre a troca de prisioneiros feridos e dos corpos de soldados mortos.
Ucrânia e Rússia concordaram em fazer uma grande troca de prisioneiros de guerra e de corpos de soldados.
Serão trocados todos os prisioneiros de até 25 anos, gravemente feridos ou doentes, além de 6 mil cadáveres de cada lado.
Ataques dos dois lados
O encontro na Turquia aconteceu após a Ucrânia realizar um de seus maiores ataques no conflito com a Rússia neste domingo, 1º.
A operação “Teia de Aranha” mobilizou 117 drones, que destruíram 41 bombardeiros russos.
Segundo o Serviço de Segurança da Ucrânia, a destruição dos aviões causou um prejuízo de 7 bilhões de dólares à Rússia e atingiu 34% da frota de aeronaves porta-mísseis do país.
O Ministério da Defesa da Rússia confirmou a ofensiva ucraniana em cinco regiões do país – Murmansk, Irkutsk, Ivanovo, Ryazan e Amur –, indicando que as defesas do país não conseguiram repelir os ataques nas duas primeiras áreas.
O chefe do Serviço de Segurança da Ucrânia, tenente-general Vasyl Malyuk, explicou que os drones foram transportados para a Rússia escondidos no teto de contêineres, levados de caminhão até os alvos da operação.
No momento do ataque, os contêineres foram abertos e os drones alçaram voo para lançar os explosivos.
Já a Rússia quebrou um recorde também no domingo: fez o maior bombardeio de drones da guerra até o momento, com 472 projéteis lançados contra o território ucraniano.
A guerra na Ucrânia começou há mais de três anos, em fevereiro de 2022, e já provocou dezenas de milhares de mortes entre civis e militares dos dois lados.