O presidente dos Estados Unidos , Joe Biden, fez neste domingo (8) seu primeiro discurso público após a fuga do ditador sírio Bashar al-Assad , que governou o país por 24 anos. Assad deixou o poder após a capital Damasco ser tomada pelo grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS), liderado por Mohammed al-Golani .
"Até que enfim, o regime de Assad acabou", declarou Biden. "Este é um momento de riscos e incertezas. Os EUA trabalharão com parceiros e interessados para ajudá-los a aproveitar esta oportunidade".
De acordo com o governo russo, Assad e sua família estão em Moscou, onde receberam asilo. "Assad e sua família chegaram a Moscou. A Rússia, por razões humanitárias, concedeu-lhes asilo", informou uma fonte do Kremlin à agência TASS.
Biden aproveitou para criticar o apoio da Rússia, do Irã e do Hezbollah ao regime sírio e mencionou o jornalista americano Austin Tice, sequestrado na Síria há 12 anos. "Acreditamos que ele esteja vivo", disse o presidente.
Reações internacionais
A queda de Assad provocou reações de diversos líderes globais, refletindo posições variadas sobre os desdobramentos na Síria.
França: comemoração pelo fim do regime
A França celebrou o fim do governo de Assad após "13 anos de repressão extremamente violenta contra o seu próprio povo", segundo Christophe Lemoine, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
No X, o presidente Emmanuel Macron escreveu: "O estado de barbárie caiu. Finalmente. Presto homenagem ao povo sírio, à sua coragem, à sua paciência. Neste momento de incerteza, desejo-lhe paz, liberdade e unidade. A França continuará comprometida com a segurança de todos no Oriente Médio."
Estados Unidos: neutralidade no conflito
Embora Biden tenha se posicionado contra Assad, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, declarou que o país não deve se envolver diretamente no conflito.
"Assad se foi. Ele fugiu de seu país. Sua protetora, Rússia, liderada por Vladimir Putin, não estava mais interessada em protegê-lo", afirmou Trump em rede social. "Não havia mais razão para os russos colocarem [a Síria] em primeiro lugar. Perderam o interesse por causa da Ucrânia."
Israel: proteção das Colinas de Golã
O exército israelense afirmou que não interferirá nos conflitos internos da Síria, mas garantiu que protegerá a região das Colinas de Golã, sob controle de Israel desde 1967. "Não serão toleradas ameaças perto da fronteira israelense", declarou em comunicado.
Irã: invasão de sua embaixada
A TV estatal iraniana informou que a embaixada do Irã em Damasco foi invadida por um grupo armado ligado ao HTS. Imagens mostram móveis revirados e danos à estrutura do edifício.
Rússia: apoio à transição pacífica
Segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Assad ordenou uma transição de poder pacífica antes de sua fuga.
Brasil e outros países
O Brasil declarou acompanhar com preocupação a escalada de hostilidades e defendeu a proteção de civis e o respeito ao direito internacional. Outros países, como Egito e Turquia, também emitiram comunicados destacando a necessidade de preservação do estado sírio e apoio à sua soberania.
A transição síria, ainda incerta, será decisiva para determinar o futuro do Oriente Médio após décadas de regime autoritário.