A aliança rebelde síria liderada por grupos islamistas anunciou neste domingo (8) que tomou o controle de Damasco em uma ofensiva relâmpago e a queda do regime de Bashar al-Assad.
Abu Mohammed al-Golani, líder do grupo rebelde HTS (Hayat Tahrir al-Sham), fez um pronunciamento neste domingo (8) pela TV estatal, celebrando avanços significativos de sua insurgência. Em seu discurso, ele destacou a determinação do grupo em consolidar o controle na Síria após a derrubada do ditador Bashar al-Assad.
"Não há chance de voltar atrás, estamos determinados a continuar o caminho que começamos em 2011", afirmou o líder, em referência ao início da revolta contra o regime de Assad. No dia anterior, al-Golani já havia declarado que o principal objetivo de sua liderança é "libertar a Síria de um regime opressivo".
Quem é Abu Mohammed al-Golani?
Al-Golani, também conhecido como Abu Mohammed al-Jawani, tem 42 anos e nasceu em Riade, na Arábia Saudita, embora sua família seja originária da região de Golã, no sudoeste da Síria, anexada por Israel na década de 1970.
Nos últimos anos, o comandante do HTS se dedicou a reformular sua imagem e a do grupo que lidera. Distanciando-se da al-Qaeda, sua antiga aliada, Golani ampliou sua influência ao liderar uma ofensiva que colocou a maior cidade da Síria sob controle de sua insurgência. Essa vitória marcou um ponto de virada na longa guerra civil e resultou na fuga de Assad, cujo paradeiro permanece desconhecido.
Golani também consolidou sua posição eliminando adversários e antigos aliados, enquanto reposicionava seu grupo extremista, agora denominado "governo de salvação", com um discurso de pluralismo e tolerância. A estratégia visa ampliar apoio público e buscar legitimidade internacional, além de dialogar com minorias étnicas e religiosas.
Relação com a al-Qaeda
Os vínculos de al-Golani com a al-Qaeda remontam a 2003, durante a ocupação do Iraque pelas tropas americanas. Ele ingressou em grupos extremistas que combatiam as forças dos EUA, sendo detido várias vezes, mas permanecendo ativo no país.
Neste período, a al-Qaeda consolidou seu poder ao formar o Estado Islâmico do Iraque, liderado por Abu Bakr al-Baghdadi. Em 2011, quando os protestos contra Assad escalaram para uma guerra civil, al-Baghdadi enviou Golani à Síria para criar um braço da al-Qaeda, a Frente Nusra.
Os Estados Unidos classificaram a Frente Nusra como organização terrorista, designação que permanece até hoje. Al-Golani é procurado internacionalmente, com uma recompensa de US$ 10 milhões oferecida pelo governo dos EUA por informações sobre ele.
Os recentes acontecimentos reacenderam a guerra civil na Síria, enquanto al-Golani e seu grupo buscam consolidar a liderança em um país devastado por mais de uma década de conflito.