Nesta terça-feira (3), o presidente da Coreia do Sul , Yoon Suk Yeol , revogou a lei marcial , sob pressão do parlamento e de manifestações populares. A medida foi inicialmente justificada como necessária para combater "elementos pró-Coreia do Norte", mas gerou uma forte reação de opositores e da sociedade.
Em pronunciamento em rede nacional, Yoon afirmou: "Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas, para erradicar as forças anti-estado e pró-norte-coreanas que estão saqueando a liberdade e a felicidade do nosso povo".
A lei marcial, que transfere poderes civis para o comando militar, restringe direitos como liberdade de expressão e proíbe manifestações públicas. Foi a primeira vez que essa medida foi adotada na Coreia do Sul desde o fim da ditadura militar, nos anos 1980.
O decreto enfrentou críticas imediatas de autoridades e líderes da oposição. O chefe da Polícia convocou uma reunião emergencial, enquanto o parlamento, liderado pela oposição, realizou uma sessão extraordinária para discutir a situação.
Durante a votação, 190 parlamentares presentes decidiram unanimemente revogar a medida. Woo Won-sik, presidente da Assembleia Nacional, declarou: "O presidente deve suspender imediatamente a lei marcial de emergência após a votação pela Assembleia Nacional. Agora, a declaração de lei marcial de emergência é inválida".
Militares tentaram impedir sessão
Tropas militares que bloqueavam o acesso ao parlamento tentaram impedir a realização da sessão, levando alguns deputados a entrarem no prédio pelas janelas. Após a revogação do decreto, as forças militares deixaram o edifício de forma pacífica, mas permaneceram nos arredores para conter os protestos.
As manifestações, inicialmente contra a lei marcial, evoluíram para pedidos de renúncia de Yoon Suk Yeol. "Abram a porta", gritavam os manifestantes em frente ao parlamento, em confronto com as forças policiais.
Oposição
A oposição acusou o presidente de usar a lei marcial como uma tentativa de controlar o parlamento, após rejeições de sua proposta orçamentária e a aprovação de uma moção de impeachment contra membros de seu gabinete.
Segundo um líder opositor, "a lei marcial foi usada como uma tentativa de silenciar críticas ao governo".