O Ministério das Relações Exteriores da Palestina alegou nesta terça-feira (10)  que Israel usou bombas de fósforo branco em Gaza. O uso da substância química contra pessoas é proibido desde 1997 pela Convenção de Genebra e só pode atingir alvos militares. 

Caso a informação seja confirmada por autoridades internacionais que estão acompanhando com preocupação o desenvolvimento do conflito, essa não seria a primeira vez que Israel usa fósforo branco contra Gaza. Durante os confrontos que aconteceram entre israelitas e palestinos em 2008 e 2009, Israel confirmou ter usado a substância química contra Gaza, mas negou ter violado o direito internacional, afirmando que, na época,  os alvos não foram regiões povoadas por civis. 

Um A-1E soltando bombas de fósforo branco no Vietnã, em 1966
National Museum of the U.S. Air Force
Um A-1E soltando bombas de fósforo branco no Vietnã, em 1966


O que é fósforo branco

Ao contrário do vermelho, inofensivo e encontrado em palitos de fósforo, o fósforo branco é altamente tóxico e instável, com a propriedade de voltar a queimar mesmo após ser apagado se entrar em contato com o oxigênio. Devido a essa alta capacidade de combustão espontânea — que se inflama a partir de aproximadamente 30ºC —, a substância deve ser mantida em água ou parafina.

O fósforo branco pode ser fabricado por meio do fosfato encontrado em rochas, com uma aparência que se assemelha à cera, e tem odor ácido semelhante ao de alho. Translúcido, o fósforo branco tende a adquirir uma cor amarelada quando exposto à luz.

A substância já foi utilizada na composição de pesticidas, venenos e fogos de artifício. Hoje, é comumente usada na fabricação de fertilizantes, aditivos alimentares, compostos de produtos de limpeza, chips de computador, ligas metálicas e bombas de fumaça.


Bomba de fósforo branco

Uma bomba de fósforo branco não é uma arma química, cujo uso está proibido desde a Convenção de Genebra de 1997. Ela é uma arma incendiária e deve seguir o Protocolo III da Convenção sobre Certas Armas Convencionais.

"Está proibido, sob qualquer circunstância, atacar com armas incendiárias a população civil como tal, pessoas civis, ou bens de caráter civil", diz o protocolo. Isso não vale para o fósforo branco usado como sinalizador. 

Risco humano

O fósforo branco pode causar queimaduras profundas, até os ossos e até mesmo através deles, e pode reacender após o tratamento inicial, quando tem novo contato com o oxigênio.

O produto químico também pode entrar na corrente sanguínea se ficar em exposição prolongada com carne, envenenando órgãos como os rins, fígado e coração, e possivelmente causando falência múltipla de órgãos. A fumaça liberada pelo fósforo branco também pode danificar o sistema respiratório.


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