Rumo aos Estados Unidos, muitos imigrantes perdem a vida
Kevin Lanceplaine/Unsplash
Rumo aos Estados Unidos, muitos imigrantes perdem a vida

O fluxo de imigrantes na selva de Darién, uma das rotas migratórias mais perigosas do mundo, entre a Colômbia e o Panamá, atingiu números recordes.

A área engloba 5 mil hectares cheios de cobras, escorpiões e traficantes, e é usada por latino-americanos para chegar aos Estados Unidos, passando pelo México.

A onda migratória extraordinária se refletiu no apelo da ministra das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena, à ONU: "Estamos sobrecarregados".

Segundo documento divulgado pelo Comitê Internacional de Resgate (IRC, na sigla em inglês), nos primeiros oito meses de 2023, 350 mil pessoas já se aventuraram em Darién, ante 250 mil em todo o ano de 2022. E dada a pressão ainda maior em setembro, a organização lançou um alerta humanitário sobre a situação de requerentes de refúgio retidos no México.

Comida, água e serviços sanitários são escassos, enquanto os deslocados ainda sofrem com fraudes, assaltos e abusos de todo tipo.

A Cidade do México tornou-se uma parada regular para quem segue para o norte, com centros de recepção atingindo 600% da capacidade. Só no mês de agosto, o México bateu no pico de 100 mil chegadas. E em meados de setembro, o IRC deu o alarme sobre as difíceis condições de pelo menos 55 mil migrantes que entraram em Honduras através de Darién.

"A escala das crises humanitárias e dos movimentos que afetam a América Latina não tem precedentes. Apelamos à comunidade internacional para que examine cuidadosamente as necessidades humanitárias ao longo do corredor migratório mexicano e as trate com uma abordagem regional", afirma o Comitê Internacional de Resgate.

Segundo relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), a rota entre o México e os Estados Unidos registrou o "maior número de mortes no mundo" em 2022 entre as travessias terrestres, com 686 vítimas, pouco menos da metade dos 1.457 óbitos contabilizados em todo o continente americano no ano passado.

Também é a cifra mais alta desde que a OIM lançou o Projeto "Missing Migrants" ("Migrantes Desaparecidos"), em 2014. Quase metade das mortes foi registrada nos desertos de Sonora e Chihuahuan, número superior aos 212 óbitos documentados no Saara, na África.

E na floresta de Darien, única rota terrestre da América do Sul para os Estados Unidos, 141 migrantes morreram em 2022, quase o triplo do ano anterior, com 51 óbitos. 

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