O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu nesta terça-feira (19) a reforma das instituições multilaterais globais, pleito antigo do Brasil e reforçado nos últimos meses pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em discurso na Assembleia Geral da ONU , em Nova York, Guterres disse que "o mundo mudou", mas as instituições continuam as mesmas. "Chegou a hora de renovar as instituições multilaterais, baseando-se nas realidades econômicas e políticas do século 21 e ancorados nos princípios da Carta da ONU e do direito internacional", afirmou o secretário-geral diante de líderes do mundo todo.
"Isso significa reformar o Conselho de Segurança e redesenhar a arquitetura financeira internacional", declarou Guterres, acrescentando que a alternativa à renovação das instituições multilaterais seria o aumento da "fragmentação". "É reforma ou rompimento", disse.
O Conselho de Segurança da ONU é formado por 10 representantes rotativos e cinco permanentes com poder de veto: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia, os vencedores da Segunda Guerra Mundial, encerrada há 78 anos.
O Brasil e outros países pedem a inclusão de novos membros permanentes no organismo para aumentar a representatividade de mundo emergente. "Não podemos enfrentar os problemas de forma eficaz se as instituições não refletem o mundo tal como ele é", ressaltou Guterres.
Segundo o secretário, o planeta "está se aproximando cada vez mais de uma grande fratura nos sistemas econômicos e financeiros e nas relações comerciais". No entanto, Guterres garantiu "não ter ilusões". "As reformas são uma questão de poder. Sei que há muitos interesses e programas conflitantes", afirmou.