O Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu, nesta quinta-feira (24), abrir uma investigação para apurar possíveis violações humanitárias cometidas durante a repressão às manifestações que acontecem no Irã desde setembro deste ano.
Os protestos da população iraniana tomaram as ruas do país após a morte de Mahsa Amini. ONGs e outras instituições afirmam que ela foi morta por forças de segurança do país pelo uso incorreto do hijab, enquanto autoridades do país afirmam que ela morreu devido a problemas de saúde.
A proposta para a abertura da investigação foi apresentada por Alemanha e Islândia. A resolução foi aprovada por 25 votos a favor, seis contra e 16 abstenções. China, Cuba, Paquistão e Venezuela estão entre os países que votaram contra.
Brasil , Catar e Emirados Árabes Unidos, por sua vez, foram algumas das nações que se abstiveram da votação. Argentina, Paraguai e Honduras se posicionaram a favor da apuração internacional.
"O uso desnecessário e desproporcional de força deve terminar. Os métodos antigos e a mentalidade intransigente daqueles que estão no poder simplesmente não funcionam", afirmou Volker Turk, chefe de direitos humanos da ONU, durante o seu discurso.
O alto comissário também criticou “a mentalidade daqueles que detêm o poder” no Irã. De acordo com ele, a Guarda Revolucionária Islâmica utilizou violentamente "munição real, gás lacrimogêneo e cassetetes" para conter os protestos.
Em resposta às acusações feitas pela comunidade internacional, Khadijeh Karimi, representante do Irã e vice-presidente para Assuntos da Mulher e Família, afirmou que “medidas necessárias” foram adotadas para buscar justiça pelo governo diante da morte da iraniana.
"Antes do anúncio formal da análise da investigação, a reação tendenciosa e precipitada de várias autoridades ocidentais e suas intervenções nos assuntos internos do Irã transformaram as assembleias pacíficas em tumultos e violência", ressaltou Karimi.
Mortes e prisões
A ONG Iran Human Rights afirma que ao menos 416 pessoas já morreram por conta da repressão às manifestações , com 51 crianças e 27 mulheres entre elas.
Já o Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas informou que cerca de 14 mil pessoas foram presas no país desde o início dos protestos populares.
Volker Turk descreve como “alarmante” a situação nas cidades curdas de curdas de Piranshahr, Javanrood e Mahabad. Ele também pontua que as autoridades do país estão apresentando dados "infundados" sobre a conduta das forças de segurança e sobre os óbitos das crianças.
“O governo nega as mortes de crianças pelas forças de segurança, alegando que se suicidaram, caíram de certa altura, foram envenenadas ou mortas por agentes inimigos’ desconhecidos", finalizou.
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