Homenagens à rainha no Castelo de Windsor
Reprodução: Twitter / @Cantess61
Homenagens à rainha no Castelo de Windsor

O cortejo fúnebre da rainha Elizabeth II chegou a Holyroodhouse, em Edimburgo, neste domingo (11), após mais de seis horas de viagem pela Escócia. Mais cedo, o cortejo havia deixado o castelo escocês de Balmoral. A viagem deste domingo dá início a uma jornada que terminará com seu funeral de Estado no dia 19 de setembro .

O palácio de Holyroodhouse foi fundado em 1128 e é residência oficial da família real na Escócia. O corpo de Elizabeth II ficará na Sala do Trono até a tarde de segunda-feira (12). Depois, o cortejo segue para a Catedral de St. Giles, também em Edimburgo.

Milhares de pessoas acompanharam a comitiva pelos 200 km que separam a propriedade real onde Elizabeth II morreu da capital escocesa. O trajeto pela costa foi demorado pois a viagem é feita em velocidade baixa e faz paradas em cidades e vilarejos pelo caminho, como Aberdeen e Dundee.

O caixão de carvalho está enrolado no estandarte real para a Escócia — a bandeira oficial da Coroa na província —, e é adornado com buquês de ervilhas de cheiro, uma das flores favoritas da monarca. Há também uma sacolinha de plástico com um sanduíche de marmelada, notoriamente apreciado por Elizabeth II, com um recado: "um sanduíche de marmelada para sua jornada, senhora".

Escoltada por uma motocicleta, a comitiva de sete carros carregou também a única filha mulher de Elizabeth II, a princesa Anne, que está acompanhada de seu marido, Timothy Lawrence.

A cidade se blindou para receber o corpo de Elizabeth II, montando um forte esquema de segurança e fechando ruas para garantir que o cortejo "se desenrole com segurança e dignidade". O acesso do público a Holyroodhouse foi fechado, e o funcionamento de monumentos e prédios públicos oficiais, inclusive o Parlamento, está interrompido desde sexta-feira (9).

Os preparativos antecipam também as cerimônias de segunda-feira, quando o corpo deixará o palácio onde pernoitará em uma procissão até a catedral de Saint Giles, a cerca de 1 km de distância. O caminho será percorrido a pé pelo rei Charles III e outros parentes a partir de 14h35 (10h35 no Brasil), antes de uma cerimônia para a família às 19h20 (15h20 no Brasil).

Nas 24 horas seguintes, haverá o que os britânicos chamam de vigília dos príncipes: haverá constantemente um parente com a monarca. Pela primeira vez, o caixão poderá também receber a visita da população, e a expectativa é que milhares façam fila para prestar suas homenagens.

Às 17h (13h no Brasil) de terça-feira (13), o cortejo deve ser levado para o aeroporto de Edimburgo, onde será transportado em um avião da Força Aérea britânica para Londres. O corpo da rainha será acompanhado no traslado de 55 minutos pela princesa Anne.

Ao chegar na capital britânica, irá direto para o Palácio de Buckingham, onde será recebido pela guarda de honra da Guarda do Rei e levado para um salão circular com amplas janelas e colunas de mármore. Às 14h22 de quarta (10h22 no Brasil), o corpo sairá novamente em procissão, desta vez até o Parlamento. Será a segunda vez em três dias que a família caminhará atrás do caixão.

O corpo permanecerá em Westminster, a sede do Legislativo, por quatro dias, onde poderá novamente ser visitado pela população. Sairá de lá apenas na segunda-feira, dia 19, quando acontecerá o velório na Abadia de Westminster, no centro de Londres — o primeiro funeral de Estado desde o realizado em 1965 para o ex-primeiro-ministro Winston Churchill.

A expectativa é que centenas de autoridades e chefes de governo viajem à capital britânica para a cerimônia. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já disse que irá ao Reino Unido. O presidente Jair Bolsonaro, segundo informações levantadas pelo GLOBO, também estuda fazer a viagem.

Na noite do dia 19 haverá uma cerimônia particular para os parentes da monarca, antes de seu enterro na capela memorial rei George VI, no Palácio de Windsor.

O novo rei, enquanto isso, também tem atribuições oficiais um dia após ser oficialmente proclamado rei. Charles III tornou-se chefe de governo imediatamente após a morte de sua mãe, mas foi confirmado em uma cerimônia altamente coreografada no domingo. A cerimônia de coroação ainda não tem data prevista, mas deve levar alguns meses.

Proclamações similares às de sábado, que anunciam o início do novo reinado com vocabulário em desuso que remetem às fundações do Estado britânico moderno, continuam a ser lidos no país neste domingo. Em Edimburgo, a cerimônia começou de manhã com trompetes, tiros de canhão e membros da Companhia Real de Arqueiros, guarda da monarquia na Escócia, que usa penas em suas boinas.

Cerimônias de proclamação também ocorreram em outros países da Comunidade Britânica, como a Austrália e a Nova Zelândia. As repercussões políticas da transição de reinado, contudo, começam a surgir.

No poder desde maio, o premier australiano, Anthony Albanese, prometeu que não realizará um referendo que havia prometido para o país se tornar uma República — ele já disse em várias ocasiões ser favorável à mudança. Já a caribenha Antigua e Barbuda promete fazer a votação em até três anos.

Na Irlanda do Norte, a presidente do partido nacionalista Sinn Féin, Mary Lou McDonald, já disse que a legenda, a maior do Parlamento da província, não participará das cerimônias de proclamação. Apesar de reconhecerem "o papel muito positivo da rainha" na reconciliação das Irlandas, disse ela, os eventos para Charles III são "para aqueles cuja aliança política é com a Coroa britânica".

Na própria Escócia, cabe ver se a morte da monarca vai impactar de alguma forma o sentimento pró-independência: em junho, a premier Nicola Sturgeon reativou a campanha por um novo referendo, defendendo que o país estaria melhor separado de Edimburgo.

A turnê de Charles III e da nova rainha consorte, Camilla, pelas quatro províncias britânicas nos próximos dias, portanto, é uma etapa importante para que o novo e impopular monarca comece a conquistar os britânicos — algo que deve acontecer ao menos enquanto o luto oficial predominar. É também uma oportunidade para que Charles comece a desvincular a imagem da monarquia da de Elizabeth II, após sete décadas entremeadas.

Downing Street, o governo do Reino Unido, confirmou que a primeira-ministra, Liz Truss, acompanhará a turnê real. A premier foi empossada na terça-feira, substituindo Boris Johnson, transição de poder que foi um dos últimos atos de Elizabeth II como rainha.

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*(com informações de agências internacionais)

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