O presidente Jair Bolsonaro recebeu na manhã desta terça-feira no Palácio do Planalto o assessor especial dos Estados Unidos para a Cúpula das Américas, Chris Dodd.
O americano reforçou o convite ao chefe do Executivo brasileiro para que participe do encontro e ainda afirmou que o presidente Joe Biden aceitaria ter uma reunião bilateral com Bolsonaro em data próxima ao evento. O Brasil deve dar uma resposta definitiva em dois a três dias.
A Cúpula das Américas acontecerá dos dias 6 a 10 de junho, em Los Angeles, na Califórnia. Esta será a primeira reunião desde 2018. O chanceler Carlos França já deu sinais de que a ausência de Bolsonaro é o mais provável, devido a duas razões: o esvaziamento de líderes da região no encontro promovido pela Casa Branca e o não aproveitamento de propostas apresentas pelos brasileiros por autoridades americanas.
Os americanos insistem em debater migração e democracia. Os negociadores brasileiros afirmam que concordam, mas defendem a inclusão de outros temas, como a recuperação das economias da região e o aumento da oferta de semicondutores nos países da América Latina.
Uma fonte reconheceu que é tarde para mexer na agenda, mas disse que o governo dos EUA admite que poderia ter aceitado as propostas.
Setores do Palácio do Planalto estão preocupados com o risco de um encontro entre Bolsonaro e Biden — que até agora nunca se reuniram presencialmente — possa acabar sendo um tiro no pé para o presidente brasileiro, em plena campanha eleitoral e absolutamente concentrado em sua cruzada para se reeleger.
Os questionamentos do governo americano sobre os ataques de Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as urnas eletrônicas e ao Supremo Tribunal Federal (STF) são conhecidos e aliados do presidente brasileiro que sua ida a Los Angeles possa acabar virando uma saída justa que atrapalhe a campanha internamente
Interlocutores da área diplomática do governo trabalham para que a presença de Bolsonaro na cúpula seja possível, mas enfrentam oposição a esta ideia na ala política do governo.
Para essas fontes, seria uma boa oportunidade de virar a página dos desencontros com a administração Biden, iniciados a partir do momento em que Bolsonaro demorou em parabenizar a eleição do chefe de Estado americano e, mais ainda, aderiu às teorias de fraude eleitoral levantadas pelo ex-presidente Donald Trump.
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